Histórias

Amantes de Hasanlu: Um beijo eterno com mais de 2.800 anos

Amantes de Hasanlu, descobertos em escavações de 1972, permanecem misteriosos. Esqueletos entrelaçados em beijo eterno, revelando amor transcendente, resistindo ao tempo e à incerteza.

Nos recantos remotos da Terra, segredos profundos e histórias marcantes ecoam. Entre tragédias de guerra, onde a dor e a morte imperam, destaca-se a história terna dos amantes de Hasanlu. Numa cidade arruinada, em meio ao caos, esses desconhecidos personificam um amor eterno, resistindo por mais de 2.800 anos.

No epicentro de uma guerra trágica, permeada por dor e morte, o amor revela sua resiliência. Os amantes de Hasanlu, cuja identidade permanece um mistério, transcenderam a brutalidade humana, imortalizando-se na história da humanidade com um beijo que perdura há mais de 2.800 anos.

As ruínas dessa cidade antiquíssima repousam, testemunhando o sítio arqueológico conhecido como Teppe Hasanlu, localizado no vale de Solduz, na província oeste do Azerbaijão no Irã. Lamentavelmente, a cidade de Hasanlu foi completamente aniquilada no século IX a.C, provavelmente pelo Reino Urartu, das terras altas da Armênia.

Amantes de Hasanlu: Um beijo eterno com mais de 2.800 anos
O beijo de 2.800 anos como se quisesse significar que o amor é eterno. O buraco no esqueleto da direita foi feito pela escavadeira em 1972

Esta urbe, notável por sua riqueza e avanço para a época, sucumbiu a um ataque militar de um inimigo ainda desconhecido, resultando em sua completa destruição. Após a tragédia, os corpos dos habitantes foram expostos, e um incêndio terrível eclodiu, ceifando a vida dos poucos sobreviventes. Este episódio sombrio ecoa ao longo dos séculos, destacando a fragilidade da existência humana e, paradoxalmente, a perpetuidade do amor mesmo em meio à adversidade mais extrema.

Ao longo dos anos, os corpos foram gradualmente encobertos por escombros, permanecendo sepultados por décadas. A narrativa nos conduz aos dias contemporâneos, especificamente à década de setenta, quando novas escavações foram empreendidas nessa região. Foi durante uma dessas expedições que um casal, posteriormente conhecido como os amantes de Hasanlu, foi descoberto, perpetuamente unido em um emocionante beijo.

Amantes de Hasanlu: Um beijo eterno com mais de 2.800 anos
A maioria dos corpos encontrados em Hasanlu foram deixados onde foram mortos, nas ruas e em edifícios.

A descoberta dos amantes de Hasanlu ocorreu em 1972, durante uma meticulosa exploração arqueológica no território de Hasanlu, conduzida por cientistas e pesquisadores da Universidade da Pensilvânia. Estes dois corpos estavam situados em um espaço aparentemente desprovido de objetos, exceção feita a uma laje de pedra encontrada sob a cabeça de um deles. No entanto, mais intrigante do que o local em que foram encontrados foi a posição em que estavam: os esqueletos pareciam estar envolvidos em um abraço eterno e compartilhando um beijo.

Amantes de Hasanlu: Um beijo eterno com mais de 2.800 anos
Um grupo de pessoas mortas no mesmo local

Os estudiosos dedicaram-se à análise minuciosa desses restos mortais singulares, conjecturando que a causa da morte poderia ter sido asfixia. Supõe-se que, durante o ataque à cidade, os amantes de Hasanlu buscaram refúgio nesse espaço peculiar. Infelizmente, a falta de oxigênio ali presente e a ausência de uma rota de fuga culminaram em sua trágica morte, um testemunho silencioso das vicissitudes cruéis vivenciadas durante o assalto à cidade.

Um enigma intrigante para os pesquisadores foi a ausência de objetos próximos aos restos mortais, sugerindo uma entrada abrupta no local que impossibilitou qualquer estoque. Além disso, os amantes de Hasanlu exibiam múltiplos traumas, levando à especulação de que tais ferimentos poderiam ter ocorrido durante a entrada apressada ou durante o próprio ataque que os levou a se esconder.

A identidade dos amantes permanece envolta em mistério. Apesar de várias escavações e investigações, a falta de objetos que pudessem fornecer pistas sobre quem eram impediu uma definição precisa. O único indício tangível é o comovente beijo compartilhado no momento da morte, o qual sugere a presença de um casal, embora não seja possível confirmar se era composto por um homem e uma mulher.

Os estudos revelaram que o esqueleto à direita pertencia a um homem com idade estimada entre 19 e 22 anos no momento da morte. Descobriu-se que seus dentes do siso estavam recém-nascendo, indicando boa saúde geral. Apesar de sua condição física robusta, análises também mostraram que ao longo da vida ele enfrentou diversas lesões, nenhuma delas grave. Vale ressaltar que o buraco no crânio não foi resultado de uma lesão original, mas sim um acidente ocorrido durante a fase de escavação.

Amantes de Hasanlu: Um beijo eterno com mais de 2.800 anos

Como mencionado anteriormente, o sexo do esqueleto à esquerda permanece incerto. Inicialmente, considerou-se a possibilidade de ser uma mulher, no entanto, este corpo exibiu características que apontam para traços masculinos. Algumas partes parecem femininas, enquanto outras são neutras, acrescentando um véu de mistério à identidade deste esqueleto. Estudos mais recentes inclinam-se para a hipótese de ser uma mulher.

Além da incerteza sobre o gênero, estima-se que os restos pertençam a uma pessoa com idade entre 30 e 35 anos, superior à do companheiro, indicando sinais de envelhecimento. Apesar disso, observou-se que essa pessoa desfrutava de excelente saúde, sem evidências de problemas dentários.

Uma exposição dedicada aos amantes de Hasanlu está em exibição no Penn Museum da Universidade da Pensilvânia desde a década de 1980. A mostra abrange fotografias, cadernos, objetos e outros artefatos provenientes da antiga cidade de Hasanlu. Para obter mais informações, recomenda-se visitar o site do Penn Museum.

A verdadeira identidade dos amantes de Hasanlu permanecerá talvez para sempre desconhecida. Contudo, a descoberta, que já perdura mais de 2.800 anos, transcende a incerteza, incitando-nos a imaginar uma bela história de amor que ecoa através do tempo.

Fontes: 1

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Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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