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Manuscrito Voynich: O manuscrito mais enigmático do mundo

O manuscrito Voynich é um enigma do século XV, repleto de ilustrações e texto indecifrável, levantando teorias sobre sua origem e propósito até hoje.

O Manuscrito Voynich, também conhecido por Código Voynich, guardado nos cofres da Biblioteca da Universidade de Yale, é uma obra singular e enigmática que tem intrigado estudiosos ao redor do mundo. Batizado em homenagem ao livreiro americano Wilfrid Voynich, marido da escritora Ethel Lilian Voynich (autora do romance ‘The Gadfly’), que o adquiriu em 1912 em um mosteiro italiano.

Seu percurso desde a Itália até Yale é permeado por mistérios e controvérsias. Sua origem no século XVI é indicada pelas características do papel e da tinta, datados por carbono, embora sua história remonte às décadas de 1580, quando estava em posse do imperador Rodolfo II, adquirido supostamente de John Dee.

Com as dimensões de 22,5 x 16 cm, composto por 116 folhas de pergaminho, o manuscrito é adornado com ilustrações coloridas e um texto cifrado em um idioma ainda não identificado. As letras, muitas delas hieróglifos únicos, desafiam a decifração e inspiram teorias sobre sua origem e significado. Suas páginas são divididas em cinco seções distintas: botânica, astronômica, biológica, astrológica e médica.

A seção biológica é marcada por uma profusão de figuras humanas, principalmente femininas, sugerindo uma explanação sobre os processos da vida humana e a relação entre alma e corpo. Em contrapartida, a seção astrológica está repleta de medalhões mágicos, símbolos zodiacais e representações estelares. Por fim, a parte médica do manuscrito provavelmente contém receitas para tratamento de diversas doenças e dicas mágicas.

Manuscrito Voynich: O manuscrito mais enigmático do mundo

Entre as mais de 400 plantas e as numerosas figuras de mulheres e espirais de estrelas, os criptógrafos encontraram um desafio intransponível. As tentativas de decifrar o texto foram infrutíferas, apesar da análise frequente dos símbolos e da busca em vários idiomas, incluindo o chinês, ucraniano e turco. Mesmo a semelhança com idiomas polinésios não conduziu a resultados conclusivos. Surgiram teorias sobre uma possível origem alienígena do texto, especialmente devido à singularidade das plantas e à complexidade das espirais estelares.

Apesar dos esforços dos criptógrafos, o texto permanece indecifrado, levando a teorias diversas sobre sua origem, inclusive a possibilidade de ter sido criado por John Dee. O mistério do Manuscrito Voynich continua desafiando a comunidade científica, representando um enigma fascinante ainda não solucionado.

História do manuscrito

O Manuscrito Voynich desafia a compreensão devido ao seu texto ainda indecifrável e ao alfabeto único, não semelhante a qualquer sistema de escrita conhecido. No entanto, as ilustrações proporcionam uma janela para sua possível origem e idade, destacando detalhes como as vestimentas e decorações femininas, assim como castelos nos diagramas, todos característicos da Europa entre 1450 e 1520.

Georg Baresch, um alquimista do século XVII baseado em Praga, é o primeiro proprietário conhecido do livro. Sua busca pelo significado do manuscrito o levou a enviar uma amostra a Athanasius Kircher, um estudioso jesuíta em Roma, na esperança de decifrá-lo. A correspondência de Baresch com Kircher, datada de 1639, é a primeira menção conhecida do manuscrito.

Após a morte de Baresch, o livro passou para Johannes Marcus Marci, reitor da Universidade de Praga, e mais tarde foi enviado a Kircher, conforme uma carta de apresentação de 1666. Acredita-se que o manuscrito tenha sido mantido com a correspondência de Kircher na biblioteca do Colégio Romano até o século XIX, quando as tropas de Victor Emmanuel II confiscaram a biblioteca durante a unificação italiana.

Após mudanças de mãos ao longo do tempo, o manuscrito foi adquirido por Wilfried Voynich em 1912, juntamente com outros 30 manuscritos. Após sua morte, sua viúva, Ethel Lilian Voynich, vendeu o livro a Hanse P. Kraus, que posteriormente o doou à Universidade de Yale em 1969.

Manuscrito Voynich: O manuscrito mais enigmático do mundo

Várias hipóteses

Sergei Gennadyevich Krivenkov, um candidato em ciências biológicas, e Klavdiya Nikolaevna Nagornaya, uma engenheira de software líder do IGT do Ministério da Saúde da Federação Russa (São Petersburgo), propõem uma intrigante hipótese sobre o Manuscrito Voynich. Eles sugerem que o compilador do manuscrito pode ter sido um dos rivais de John Dee, envolvido em atividades de inteligência, que criptografou receitas. Essas receitas, possivelmente de venenos, apresentam abreviações especiais que resultam em “palavras” curtas no texto.

A análise das ilustrações do manuscrito revela composições de plantas aparentemente sobrenaturais, como a ligação da beladona com uma planta menos conhecida, a hoofweed, sugerindo a presença de ginseng e outras plantas exóticas. Essa descoberta leva à especulação de que o autor do texto viajou para a China, possivelmente em uma missão organizada pela Ordem dos Jesuítas, uma organização europeia influente na época.

Em última análise, os esforços para decifrar o Manuscrito Voynich revelaram nomes latinos de plantas venenosas, conselhos sobre preparação de venenos mortais e até referências ao deus da morte na mitologia antiga. A interpretação das abreviações das receitas e a análise do caráter malicioso do possível compilador foram essenciais nesse processo, unindo psicologia histórica e criptografia. Embora a leitura completa do texto exija uma equipe de especialistas, o verdadeiro valor reside na revelação do mistério histórico, não apenas nas receitas contidas.

As imagens das espirais estelares, por sua vez, indicam os melhores momentos para a colheita de ervas e advertem sobre perigos à saúde, como a combinação de opiáceos com café. Assim, as teorias sobre viajantes galácticos perdem força diante das interpretações práticas das ilustrações.

Por outro lado, o cientista Gordon Rugg, da Universidade de Keeley (Reino Unido), propõe a hipótese de que o Manuscrito Voynich possa ser uma sofisticada falsificação. Utilizando técnicas de espionagem da era elisabetana, Rugg reconstruiu parte do manuscrito, sugerindo que foi criado para o Sacro Imperador Romano Rodolfo II por Edward Kelly, um aventureiro inglês. Embora essa teoria seja plausível, outros cientistas ainda debatem sobre a verdadeira origem e significado do manuscrito.

Com base nessa interpretação das imagens do “herbário”, Sergei e Klavdia começaram a decifrar o texto, encontrando predominantemente abreviações latinas e algumas gregas. No entanto, o desafio principal foi desvendar o código incomum usado pelo compilador, que incluía técnicas de criptografia complexas, como a inserção de símbolos sem sentido e a aplicação de numerologia da época. Essas peculiaridades refletem a mentalidade e os métodos de criptografia da Idade Média, exigindo uma abordagem cuidadosa e compreensão das práticas da época.

Os críticos que levantam a hipótese de que o Manuscrito Voynich possa ser uma falsificação se perguntam como um falsificador medieval poderia produzir 200 páginas de texto com uma estrutura tão complexa e padrões sutis na distribuição das palavras. No entanto, uma descoberta recente sugere que é possível reproduzir muitas dessas características notáveis usando um dispositivo de codificação simples do século XVI. Esse método gera um texto que se assemelha ao Voynich, mas é pura bobagem, sem qualquer significado oculto. Isso não prova definitivamente que o manuscrito seja uma farsa, mas apoia a teoria de que ele pode ter sido inventado pelo aventureiro inglês Edward Kelly para enganar Rudolf II.

Manuscrito Voynich: O manuscrito mais enigmático do mundo

Segredos perigosos

O físico Jacques Bergier expressou preocupação com as possíveis ramificações se o Manuscrito Voynich realmente contivesse segredos de uma fonte de energia tão poderosa que poderia ameaçar a existência da civilização. Ele argumentou que, se tal conhecimento fosse liberado, poderia resultar em consequências catastróficas para o planeta. Bergier alertou que, se houvesse uma maneira de liberar ainda mais energia do que a bomba de hidrogênio, seria preferível que a humanidade permanecesse ignorante desses segredos.

O relatório de Roman Newbould, que afirmava ter decifrado parte do texto do manuscrito e atribuído a Roger Bacon a autoria de descobertas científicas avançadas, causou grande sensação. Apesar de algumas objeções sobre os métodos utilizados por Newbould e a falta de capacidade de reproduzir seu processo, muitos cientistas e o público em geral ficaram fascinados com as possibilidades sugeridas pelo manuscrito. No entanto, o trabalho de Newbould foi posteriormente questionado por historiadores que estudavam a Idade Média, que o trataram com ceticismo. Apesar disso, o mistério em torno do Manuscrito Voynich persiste, alimentando especulações sobre seu verdadeiro significado e origem.

Manley aponta que as tentativas anteriores de decifrar o Manuscrito Voynich foram baseadas em pressupostos falsos sobre sua origem e linguagem criptografada. Ele sugere que a chave para desvendar o código pode residir no desenvolvimento de hipóteses corretas sobre sua autoria e contexto histórico. Curiosamente, a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos também se envolveu na tentativa de decifrar o manuscrito nos anos 80, possivelmente visando utilizar seu conteúdo para desenvolver algoritmos de criptografia. No entanto, esses esforços também foram infrutíferos.

O fato de que, mesmo na era da tecnologia avançada e da informação global, o enigma do Manuscrito Voynich permanece sem solução destaca sua complexidade e intriga. Não se sabe se os cientistas serão capazes de decifrá-lo algum dia, apesar dos muitos anos de esforços dedicados a esse fim. Atualmente, o manuscrito está guardado na biblioteca de livros raros da Universidade de Yale, onde está disponível para consulta através de fotocópias de alta qualidade disponíveis para download no site da universidade. Seu valor é estimado em US$ 160.000, mas sua verdadeira importância reside no desafio intelectual que representa para aqueles que tentam desvendar seus segredos.

Fontes: 1

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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