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Ether Monument: O polêmico memorial ao éter em Boston

O Monumento Aether, em Boston, Massachusetts, é uma homenagem à significativa descoberta do uso do éter dietílico, destacando marcos e avanços científicos.

Numa esquina do Jardim Público de Boston, nos Estados Unidos, próximo ao cruzamento das ruas Arlington e Marlborough, encontra-se um monumento que celebra uma descoberta médica revolucionária: o uso do éter dietílico como anestésico. No topo deste monumento, uma escultura representa a emblemática história bíblica do Bom Samaritano.

A primeira demonstração pública do éter como anestésico ocorreu no Massachusetts General Hospital em 16 de outubro de 1846, protagonizada pelo dentista de Boston, William Thomas Green Morton, e pelo médico John Collins Warren. Morton administrava o éter, enquanto Warren realizava a remoção de um tumor da garganta de um paciente inconsciente.

Monumento Aether: O polêmico memorial ao éter em Boston
Crédito da imagem: Wikipédia

A notícia do êxito dessa apresentação espalhou-se globalmente, anunciando o término de “uma era em que a cirurgia era uma tortura, e uma operação séria era temida até mais do que a própria morte“. Johann Friedrich Dieffenbach, um cirurgião do século XIX, proclamou: “A dor, a consciência mais aguda de nossa existência terrena, o sentido mais distinto da imperfeição de nossos corpos, deve ceder diante do poder da mente humana, diante do poder do éter“.

O Monumento Éter (Ether Monument) foi erguido em meio a intensa controvérsia. Morton desejava crédito pela descoberta do éter, mas vários médicos contestaram sua reivindicação. Seu próprio professor, o químico Charles T. Jackson, alegava ser o responsável por misturar os produtos químicos utilizados na cirurgia, reivindicando assim a distinção para si. Além disso, o dentista de Hartford, Connecticut, Horace Wells, afirmou ter realizado anestesia com óxido nitroso dois anos antes.

Monumento Aether: O polêmico memorial ao éter em Boston
Crédito da imagem: Wikipédia

Contudo, ao ser desafiado a apresentar publicamente seus resultados, falhou. É agora conhecido que Crawford Long, da Geórgia, utilizava éter em cirurgias desde 1842, antecipando-se a Morton. No entanto, ele realizou suas práticas de forma discreta, sem divulgar suas descobertas à comunidade médica.

A controvérsia em torno do éter foi tratada diplomaticamente pelo professor da Harvard Medical School, Oliver Wendell Holmes, que se referiu ao monumento como “éter ou qualquer um dos dois“, aludindo aos postulantes à descoberta. Mark Twain expressou abertamente sua oposição a Morton, escrevendo que “em Boston, há um monumento ao homem que… roubou a descoberta de outro homem… o monumento é feito de material durável, mas a mentira que ele conta durará um milhão de anos“. Embora Twain não estivesse completamente correto, pois o Ether Memorial não menciona nenhum dos postulantes, é simplesmente uma celebração da primeira demonstração pública bem-sucedida da anestesia com éter.

Monumento Aether: O polêmico memorial ao éter em Boston
Crédito da imagem: Wikipédia

O monumento, projetado pelo arquiteto de Boston William Robert Ware, tem aproximadamente 12 metros de altura e foi encomendado vinte anos após a célebre operação de Morton por um cidadão chamado Thomas Lee. A composição no topo do monumento é uma obra do escultor John Quincy Adams Ward.

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O alquimista Raymond Lullus foi erroneamente creditado pela descoberta do éter dietílico em 1275, pois não há evidências suficientes para isso. A primeira síntese documentada de éter dietílico foi realizada em 1540 por Valerius Cordus, que o denominou “oleum dulce vitrioli” (“óleo doce de vitríolo”), refletindo o método de produção por co-destilação de uma mistura de etanol e ácido sulfúrico, na época chamado de “óleo de vitríolo” ou simplesmente “vitríolo”. Cordus também observou algumas propriedades medicinais do composto.

Simultaneamente, Theophrastus Bobastus, conhecido como “Paracelsus”, descobriu as propriedades analgésicas do éter dietílico. O termo “éter” foi atribuído ao composto em 1730 por Augustus Siegmond Frobenius. No entanto, nos tempos modernos, esse nome foi estendido a toda a classe dos éteres, tornando necessário o uso do prefixo “dietil” para esclarecer que estamos nos referindo a essa associação específica.

Monumento Aether: O polêmico memorial ao éter em Boston
Crédito da imagem: Wikipédia
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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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