No contexto do budismo, uma estupa (“stupa” em Sânscrito) é uma estrutura arquitetônica que representa simbolicamente o corpo, a mente e a alma de Buda, geralmente em forma de sino e contendo relíquias sagradas em seu interior.
Já o termo pagode é mais abrangente usado para descrever templos ou estruturas religiosas em várias tradições asiáticas, incluindo budismo, taoísmo e outras religiões orientais. Assim, todas as estupas são consideradas pagodes, mas nem todos os pagodes são estupas. A diferença principal está na função e na simbologia específica associada às estupas no contexto do budismo.
Se a estupa é de construção sólida e maciça com a forma de sino é dita “zedi”; ao contrário, se tem um espaço vazio ou retangular é chamada “patho”. Um exemplo notável dessa arquitetura é encontrado nas Pagodes Kakku, situadas no Estado de Shaan em Mianmar. Este complexo impressionante consiste em 2.478 estupas, formando um cenário pitoresco alinhado meticulosamente que se estendem para assumir a forma da pegada de Buda.
Embora a maioria dessas pagodes tenha sido construída durante os séculos XVII e XVIII, é digno de nota que a maior entre elas remonta ao século XII, quando Alaungsithu, rei de Bagan expandiu a coleção original de estupas. Além disso, há indícios fascinantes de que alguns desses pagodes podem remontar ao longínquo século III a.C., uma época em que se acredita que o imperador indiano Ashoka tenha influenciado sua construção.
Os Pagodes Kakku não apenas representam um notável marco arquitetônico, mas também carregam consigo uma história rica e uma profunda conexão espiritual. Este conjunto único de estruturas, enraizado em diferentes períodos históricos, proporciona uma visão fascinante da diversidade temporal e cultural que contribuiu para a sua criação e evolução ao longo dos séculos.
Os Pagodes Kakku desempenham um papel significativo como local de meditação para o povo Pa-Oh, o segundo maior grupo étnico no estado de Shan. Infelizmente, recentemente, o local foi vítima de danos causados por condições climáticas severas e terremotos, resultando em extensas áreas necessitando de restauração. A maioria dos tijolos e estuques que adornavam as estruturas antigas desmoronou, e em algumas delas, árvores cresceram, desafiando a durabilidade das estruturas.
Essa série de adversidades ressalta a vulnerabilidade desses marcos históricos e a necessidade crítica de esforços de restauração para preservar não apenas a herança arquitetônica, mas também o significado cultural e espiritual que essas estruturas têm para a comunidade Pa-Oh.
O processo de restauração não apenas resgata as Pagodes Kakku de um estado de decadência, mas também reafirma sua importância como local de prática espiritual e cultural para as gerações presentes e futuras.
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