Localizada a 40 quilômetros ao norte de Cuzco, no Peru, no Vale Sagrado dos Incas, encontra-se a pitoresca cidade de Maras, localizada a 3.300 metros acima do do nível do mar, famosa por suas lagoas de evaporação de sal em funcionamento desde os tempos dos Incas. Às margens do vale, a menos de um quilômetro a oeste da cidade, inúmeras lagoas de formato quadrado pontuam as encostas, formando uma paisagem única.
Essas piscinas de sal, remanescentes da cultura Chanapata entre 200 DC e 900 DC, foram engenhosamente construídas. A água altamente salgada proveniente da nascente Qoripujio, próxima à cabeceira do vale, é conduzida por uma intricada rede de pequenos canais. Esses canais são projetados para permitir que a água flua suavemente até os centenas de antigos lagos em terraços. Cada lago, com menos de quatro metros quadrados de área, não ultrapassa trinta centímetros de profundidade. O fluxo de água é habilmente controlado e monitorado pelos trabalhadores locais.
À medida que as lagoas descem pela encosta, a altitude é cuidadosamente ajustada, permitindo que a água flua através de intricadas ramificações dos canais de abastecimento, sendo introduzida lentamente por meio de entalhes nas paredes laterais de cada lagoa. Este engenhoso sistema demonstra a habilidade técnica e o conhecimento cuidadoso dos antigos habitantes, destacando a riqueza histórica e cultural que permeia a região.
À medida que a água se evapora na atmosfera árida dos Andes, ocorre uma fascinante supersaturação, resultando na precipitação de sal em forma de cristais de diversos tamanhos nas superfícies internas das paredes e no fundo do lago. O responsável pelo cuidado do lago desempenha um papel crucial nesse processo: ao fechar o entalhe do alimentador de água, ele permite que o lago entre em um estágio de secagem controlada.
Após alguns dias, o tratador realiza uma tarefa minuciosa ao raspar cuidadosamente o sal seco das laterais e do fundo do lago. Esse precioso sal é então delicadamente coletado em recipientes apropriados. Em seguida, o guardião reabre a abertura de abastecimento de água, dando início a um novo ciclo no qual a água saturada flui novamente, reiniciando o processo de formação de cristais de sal.
Esse método tradicional de colheita de sal destaca a habilidade e o conhecimento transmitidos ao longo das gerações, revelando a intricada relação entre os habitantes locais e o ambiente único das montanhas andinas.
As piscinas de sal em Maras são tradicionalmente atribuídas aos habitantes locais que desejam se envolver na colheita do sal. Geralmente, há várias piscinas não utilizadas prontas para serem cultivadas. Qualquer pessoa interessada em se tornar um produtor de sal pode simplesmente localizar um tanque vago e atualmente sem manutenção. Em seguida, basta consultar a cooperativa local, que opera de forma informal, aprender sobre as práticas adequadas para manter o tanque dentro do sistema comunitário estabelecido e começar a trabalhar.
Este processo de ingressar na produção de sal destaca a abordagem acessível e colaborativa existente em Maras. Ao adotar uma abordagem participativa e integrada à comunidade, os aspirantes a produtores podem facilmente se envolver na tradição da colheita de sal, beneficiando-se da experiência coletiva e contribuindo para a sustentabilidade do sistema como um todo. Essa prática exemplifica a forte conexão entre a comunidade local e as ricas tradições que permeiam a região.
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