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The Poison Garden: O jardim mais mortal do mundo

The Poison Garden, situado em Northumberland, Reino Unido, é um jardim exclusivo cultivando plantas venenosas e tóxicas, proporcionando uma experiência educacional e fascinante sobre botânica perigosa.

Ao adentrar um parque repleto de vegetação, é comum o instinto de tocar ou cheirar algumas plantas, mas essa prática é rigorosamente desencorajada em um jardim peculiar localizado no norte da Inglaterra. Ao se aproximar do portão do espaço verde em Alnwick, os visitantes são recebidos com uma advertência inequívoca: “Estas plantas podem matar”. Com a presença de uma caveira e ossos cruzados, o aviso não é uma mera brincadeira. Por trás das barras de ferro, revela-se o Poison Garden (Jardim Venenoso) – uma verdadeira atração aberta ao público.

Este singular jardim é uma parte integrante do Alnwick Garden, destacando-se como um dos destinos turísticos mais populares no norte da Inglaterra. Apesar de sua beleza incontestável, é expressamente proibido tocar nas plantas que adornam esse pedaço de terra encantador. Ao contrário da maioria dos jardins ao redor do mundo, o Poison Garden abriga mais de 100 espécies de plantas venenosas, algumas das mais perigosas que existem.

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A história do Alnwick Garden remonta a 1995, quando Ralph e Jane Percy assumiram os títulos de duque e duquesa de Northumberland, tornando-se proprietários do Castelo de Alnwick e, por conseguinte, de seu jardim expansivo de 12 hectares. Embora tenha sido um espaço grandioso em épocas passadas, negligenciou-se ao longo do século XX, encerrando-se como um parque público em 1950.

O Poison Garden, meticulosamente planejado e mantido, desafia as convenções ao apresentar uma coleção única de flora mortífera. O aviso dramático na entrada serve como um lembrete vívido de que a beleza aqui reside no perigo inerente dessas plantas. Cada passo pelos caminhos sinuosos desse jardim proibido oferece um vislumbre intrigante de plantas como a beladona, a estramonium e o ópio, cada uma com sua própria história carregada de mistério e perigo.

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O Alnwick Garden tornou-se, assim, um local de dualidade, onde a exuberância visual e o fascínio botânico coexistem com a necessidade de cautela. Enquanto os visitantes exploram as outras áreas do jardim, o Poison Garden permanece como um lembrete peculiar de que, em meio à beleza aparente, a natureza pode esconder segredos mortais.

A revitalização do parque foi liderada pela visionária Duquesa Jane Percy, cujo comprometimento transformou o Alnwick Garden em um oásis contemporâneo de beleza e inovação. Empenhada em trazer renomados designers de todo o mundo para participar do projeto, ela envolveu figuras notáveis como Jacques Wirtz e seu filho, Peter, este último responsável pelo design da estrutura principal.

Atrás de imponentes portões, desvela-se um complexo surpreendente de jardins formais contemporâneos, onde túneis de bambu entrelaçam-se em um labirinto intrigante, uma cascata de água central murmura suavemente, e um pomar de cerejeiras adiciona um toque de encanto. Destaque ainda para um jardim em forma de serpente, repleto de fontes, e uma das maiores casas na árvore do mundo, abrigando um restaurante, bar e espaços para eventos.

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Apesar da riqueza de esculturas e inovações tecnológicas, a Duquesa Percy sentia que algo extraordinário ainda estava por ser adicionado. Após uma inspiradora visita a um terreno com plantas farmacêuticas na Itália, ela concebeu a ideia de um jardim mortal como um contraponto intrigante a um parque comum. Com uma visão ousada, ela questionou o foco exclusivo nos benefícios curativos das plantas, propondo explorar sua capacidade de causar dano. Suas palavras na época expressavam a curiosidade infantil, destacando que muitos jovens estariam mais interessados em compreender como uma planta poderia ser letal e em quanto tempo provocaria a morte.

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Assim, em 2005, nasceu o Poison Garden, um jardim onde a flora mortífera se torna protagonista. Aberto ao público, porém, estritamente supervisionado por guias especializados, os visitantes são instruídos minuciosamente sobre cada espécie mortal e suas histórias terríveis. Apesar dos inúmeros sinais alertando para os perigos de tocar, cheirar ou provar as plantas, desgraças ocasionalmente ocorrem. Em um incidente marcante no verão de 2014, sete visitantes desmaiaram após inalarem gases tóxicos, reforçando a potência do Poison Garden como um lugar onde a beleza convive com o perigo.

Dentro dos limites do Poison Garden, uma coleção diversificada de plantas venenosas, alucinógenas e medicinais é cultivada, proveniente de várias partes do mundo. Entre essas espécies, destaca-se a mortal mata-lobos, cujas toxinas cardíacas já foram utilizadas para envenenar as pontas de flechas, um método ancestral para caçar lobos, originando assim o nome da planta.

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O Poison Garden, em sua configuração atual, ostenta uma coleção extensa e impressionante de plantas mortais, meticulosamente reunidas de diversas partes do globo. Entre as espécies mais notáveis e sinistras que compõem esta lista, destacam-se a Strychnos nux-vomica, carinhosamente conhecida como a “árvore de estricnina”, que é a fonte dessa substância altamente tóxica; Ricinus communis, responsável tanto pelo óleo de mamona quanto pela letal ricina; a cicuta, cujos alcaloides tóxicos podem ser fatais mesmo em pequenas doses.

A Laburnum, também apelidada de “árvore da corrente de ouro”; a Brugmansia sul-americana, uma planta notável por suas propriedades afrodisíacas, mas que também pode ser mortal; a Atropa belladonna, comumente conhecida como “beladona” ou “mortal beladona” (O nome popular, que em italiano significa “bela mulher”, vem do fato de que atrizes italianas utilizavam gotas de extrato de belladonna nos olhos para dilatar as pupilas, o que as deixava mais atraentes.); a dedaleira, uma planta de beleza cativante, porém mortal, entre muitas outras.

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Cada uma dessas plantas é uma obra-prima de perigo botânico, contribuindo para a riqueza e singularidade do Poison Garden. Sua presença não apenas ilustra a diversidade de formas letais na natureza, mas também serve como um lembrete vívido dos perigos ocultos que podem residir em paisagens aparentemente encantadoras. Visitantes, ao percorrerem os caminhos desse jardim proibido, são imersos em um ambiente onde a beleza e o veneno coexistem, proporcionando uma experiência educativa e visceral sobre a natureza intrinsecamente paradoxal dessas plantas mortais.

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Contudo, mesmo diante dessa ameaçadora presença, a verdadeira protagonista do jardim é a mamona, reconhecida pelo “Guinness World of Records” como a planta mais venenosa do mundo. Toda a planta, especialmente suas sementes, contém a temida ricina, uma toxina vegetal que desencadeia uma morte dolorosa e inevitável em quem entra em contato com ela.

No universo mágico de “Harry Potter”, algumas espécies do Poison Garden ganham vida, como a Mandrake Mandrágora e a Atropa. A Mandrágora, famosa pelos seus gritos ao ser desenterrada, segundo a saga, tem o potencial de causar a morte a quem a ouvir. A Atropa, por sua vez, é conhecida por suas raízes em forma de feto e, de acordo com lendas medievais, despertaria um grito capaz de deixar surdos ou levar à morte. Além do toque fantástico, essas plantas possuem propriedades medicinais, embora estejam entre as mais tóxicas do mundo.

A Duquesa Jane Percy também utilizou o Poison Garden como uma plataforma educativa, abordando temas como o uso de drogas. No jardim, são cultivadas plantas como tabaco, cannabis e cogumelos mágicos, todas com autorização do governo britânico. O local, além de ser um dos jardins mais exclusivos do mundo, desempenha um papel único ao alertar e educar sobre a natureza tanto perigosa quanto medicinal das plantas que abriga. O Poison Garden, assim, não é apenas um espetáculo visual intrigante, mas também uma lição sobre a dualidade da natureza.

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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