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Uluru, a segunda maior pedra do planeta

O Uluru, também conhecido como Ayers Rock ou The Rock, é um impressionante monólito localizado no norte da área central da Austrália, dentro do Parque Nacional de Uluru-Kata Tjuta. Ele está próximo à pequena cidade de Yulara, a cerca de 335 quilômetros a sudoeste da cidade de Alice Springs. O Uluru é reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO.

Este monólito é o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o Monte Augustus, também localizado na Austrália. Ele se eleva a uma altura de mais de 348 metros e possui uma circunferência de cerca de 9,4 quilômetros. Além disso, o Uluru se estende incrivelmente a cerca de 2,5 quilômetros de profundidade no solo.

Uluru, a segunda maior pedra do mundo
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O Uluru é uma das atrações naturais mais icônicas da Austrália e é reverenciado pelos povos indígenas locais, os Anangu, como um local sagrado e espiritual. Além disso, possui uma beleza e uma presença marcantes, com cores que mudam ao longo do dia, variando de tons de vermelho e laranja a violeta durante o pôr do sol.

Exploradores e viajantes têm se maravilhado com o Uluru ao longo da história. O explorador Ernst Giles foi um dos primeiros a descrevê-lo em 1872 como “o seixo notável”. Com uma idade estimada de 680 milhões de anos, o Uluru carrega uma rica história geológica e cultural, tornando-se um local de grande significado para pessoas de todo o mundo.

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De fato, a coloração variável do Uluru é uma das características mais marcantes e notáveis desse monólito. Sua aparência muda significativamente ao longo do dia e do ano, devido à interação única entre a luz solar e os minerais presentes em sua composição.

O Uluru é composto principalmente de arenito, mas o que o torna especial é a presença de minerais como feldspato, que é um tipo de arenito de arcósio. Esses minerais contribuem para a capacidade do Uluru de refletir e absorver a luz de maneira única. Essa interação com a luz é o que causa a variação de cores que o monólito exibe ao longo do dia.

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Ao amanhecer e ao pôr do sol, o Uluru apresenta uma coloração avermelhada e brilhante. Isso ocorre devido à inclinação da luz solar durante esses períodos, que faz com que os minerais presentes no arenito emitam um brilho vermelho. Esse espetáculo natural é particularmente impressionante ao pôr do sol, quando o Uluru parece estar incandescente, irradiando tons de vermelho e laranja que contrastam fortemente com o céu.

A cor ferruginosa do Uluru, que lhe confere essa tonalidade vermelha, é resultado da oxidação dos minerais contendo ferro presentes no arenito. À medida que esses minerais entram em contato com o oxigênio do ar ao longo do tempo, eles oxidam e adquirem essa coloração característica. Essa combinação única de minerais, luz solar e oxidação é o que torna o Uluru tão espetacular em termos de cores e iluminação, fazendo dele uma atração natural verdadeiramente extraordinária.

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A pedra visto com o Hotel Sails in The Desert em primeiro plano | Crédito da foto

O Uluru é uma das paisagens naturais mais icônicas da Austrália e é profundamente significativo para os povos aborígenes locais. Sua importância cultural, espiritual e histórica é central para as tradições desses povos.

O nome “Uluru” é o nome aborígene para o monólito e tem uma rica história cultural por trás dele. Desde os anos 1980, o nome “Uluru” foi oficialmente adotado como o nome reconhecido pelos povos aborígenes da região. Isso foi feito em reconhecimento à importância da língua e da cultura dos povos indígenas, bem como para respeitar suas conexões ancestrais com o local.

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Corda que facilita a subida | Crédito da foto

“Ayers Rock” era o nome dado à rocha pelo explorador William Gosse, em homenagem a Henry Ayers, que era uma figura proeminente na política australiana na época. No entanto, o nome “Ayers Rock” não tem a mesma conotação cultural e histórica que “Uluru” tem para os aborígenes.

Oficialmente, desde 1993, a prática adotada é usar ambos os nomes, “Uluru” e “Ayers Rock”, para se referir ao monólito. Isso reflete o reconhecimento da importância tanto da história europeia quanto da história aborígene do local. No entanto, muitas pessoas, especialmente fora da Austrália, ainda se referem ao monólito como “Ayers Rock”.

O reconhecimento dos nomes duplos também é um reflexo do esforço contínuo para promover a compreensão e o respeito pela cultura e história dos povos indígenas, enquanto também reconhece a história colonial e europeia do país.

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A região ao redor do Uluru tem uma rica história humana que remonta a milhares de anos. A presença de achados arqueológicos indica que os povos indígenas habitavam essa área há mais de 10.000 anos. Os povos aborígenes têm uma conexão ancestral profunda com a terra e consideram Uluru um local de importância espiritual e cultural.

A comunidade aborígene de Mutitjulu está localizada adjacente ao Uluru e é habitada por cerca de 300 pessoas. Essa comunidade tem uma conexão íntima com o Uluru, considerando-o parte vital de sua herança e identidade cultural. A cidade turística de Yulara, com aproximadamente 3.000 habitantes, está localizada a cerca de 11 quilômetros do Uluru e serve como ponto de entrada para os visitantes que desejam explorar a área.

Kata Tjuta, também conhecida como Monte Olga, é outra formação rochosa icônica localizada a 25 quilômetros do Uluru. Assim como Uluru, Kata Tjuta é um local sagrado para os povos aborígenes e tem uma importância espiritual significativa.

Para garantir que os turistas possam apreciar a beleza do Uluru tanto ao amanhecer quanto ao crepúsculo, áreas de observação especiais foram construídas, acessíveis por estrada, com amplo estacionamento. Essas áreas permitem que os visitantes tenham uma vista privilegiada do monólito durante os momentos mais impressionantes do dia, quando as cores e a luz realçam a beleza do local.

É importante lembrar que, ao visitar lugares sagrados como Uluru e Kata Tjuta, é essencial respeitar a cultura, história e espiritualidade dos povos indígenas e seguir as orientações e restrições estabelecidas para proteger esses locais e sua importância cultural.

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O desaparecimento do bebê Azaria Chamberlain em agosto de 1980 é um dos casos mais famosos e controversos da história australiana. Azaria, com apenas nove semanas de vida, desapareceu enquanto acampava com seus pais, Lindy e Michael Chamberlain, perto de Uluru. O caso tomou proporções dramáticas e gerou debates intensos.

Inicialmente, Lindy Chamberlain relatou que um dingo, uma espécie de cachorro selvagem do deserto australiano, havia levado o bebê. No entanto, devido à comoção pública e à incomum natureza do incidente, houve uma investigação completa. Pressionados pela opinião pública, os Chamberlain foram submetidos a julgamento.

O julgamento dos Chamberlain foi altamente midiático e conturbado. Lindy Chamberlain foi condenada à prisão perpétua por assassinar sua filha, e Michael Chamberlain foi considerado cúmplice. O caso gerou muitas controvérsias, com defensores dos Chamberlain argumentando que a condenação foi baseada em evidências fracas e que a suposta crença de Lindy em que um dingo havia atacado Azaria foi mal interpretada.

Anos depois, novas evidências e análises científicas reforçaram a possibilidade de que um dingo realmente poderia ter sido responsável pelo desaparecimento de Azaria. A pressão pública e a atenção internacional levaram a reavaliações do caso. Em 2012, após mais de três décadas, a justiça australiana finalmente confirmou a versão dos Chamberlain de que um dingo havia atacado e levado a criança.

O caso do desaparecimento de Azaria Chamberlain foi retratado no filme “Um Grito no Escuro” (Evil Angels) de 1988, estrelado por Meryl Streep e Sam Neill, que adaptou o livro homônimo de John Bryson. O caso continua sendo uma parte significativa da história australiana e é lembrado como uma tragédia que teve um impacto duradouro sobre a família Chamberlain e a sociedade em geral.

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Uluru vista do espaço | Crédito da foto

Em outubro de 1985, um importante marco na história de Uluru ocorreu quando o governo australiano devolveu a posse da terra aos aborígines locais, especificamente à comunidade Pitjantjatjara Anangu, que são os povos tradicionais proprietários da região. Essa devolução da posse da terra foi um passo significativo em reconhecimento aos direitos e à conexão ancestral dos aborígines com o local sagrado.

No entanto, como parte do acordo, foi estabelecido que os Anangu alugariam a área de Uluru de volta para a Agência Nacional de Parques e Vida Selvagem (Parks Australia) por um período de 99 anos. Isso permitiu que Uluru fosse co-gerenciado entre os Anangu e o governo, com a administração compartilhada e a tomada de decisões conjuntas sobre o gerenciamento e a conservação do local.

Uma das decisões importantes tomadas após a devolução da terra foi a interrupção da subida ao topo de Uluru por parte dos turistas. Os Anangu consideram a subida uma trilha sagrada e prefeririam que os visitantes não a escalassem, devido à sua significância espiritual e cultural. Essa decisão foi baseada no desejo de respeitar os valores culturais e espirituais dos proprietários tradicionais da terra. Embora essa decisão tenha gerado discussões e debates, ela reflete a importância de equilibrar o turismo com a preservação das práticas e crenças culturais dos povos indígenas.

O retorno da posse de Uluru aos Anangu e o estabelecimento do acordo de co-gestão marcaram um avanço significativo em termos de reconhecimento e respeito pelos direitos e cultura dos povos indígenas da Austrália.

Uluru, a segunda maior pedra do mundo
Petróglifos em Uluru | Crédito da foto

A escalada de Uluru tem sido uma atividade popular entre os turistas por muitos anos, atraindo pessoas de várias partes do mundo. A subida da pedra é desafiadora e exige uma boa forma física, pois o caminho é íngreme e pode ser cansativo. Para ajudar os escaladores, uma corda com alças foi instalada para auxiliar na subida, tornando-a um pouco mais acessível.

No entanto, a escalada também tem sido controversa devido aos aspectos culturais e espirituais associados a Uluru. Os Anangu, os povos indígenas tradicionais da região, consideram a pedra sagrada e de grande significado espiritual. A escalada cruza uma trilha tradicional sagrada da Dreamtime, que é uma parte essencial das crenças e histórias culturais dos Anangu. Eles acreditam que a escalada desrespeita a integridade cultural e espiritual da pedra e da área ao redor dela.

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Príncipe Charles e Diana, a Princesa de Gales voltando da sessão de fotos em Uluru, março de 1983 | Crédito da foto

Além disso, houve uma série de acidentes e mortes relacionados à escalada ao longo dos anos, devido às condições desafiadoras e ao terreno acidentado. Isso levou a preocupações sobre a segurança dos visitantes e impacto ambiental. Em resposta a essas preocupações culturais, espirituais e de segurança, em 2019, foi anunciado que a escalada de Uluru seria encerrada a partir de outubro de 2019. A decisão foi tomada em conjunto pelos Anangu e pelo Parque Nacional de Uluru-Kata Tjuta. Isso reflete um maior respeito pela cultura e desejos dos proprietários tradicionais da terra, bem como um compromisso com a preservação do ambiente e da segurança dos visitantes.

Portanto, a partir de 2019, a escalada de Uluru foi oficialmente encerrada, e os visitantes são incentivados a respeitar os valores culturais e espirituais dos Anangu ao explorar a área ao redor da pedra. A ênfase agora está na apreciação da paisagem, das histórias culturais e das experiências guiadas oferecidas pelos Anangu para aprender mais sobre a rica história e espiritualidade do local.

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Cerca de meio milhão de entusiastas do turismo são atraídos anualmente para contemplar a majestosa Rocha Uluru. Sua imponente forma não é a única razão para tal afluxo; os desenhos ancestrais adornando suas cavernas também exercem um magnetismo irresistível.

Embora a notoriedade da Rocha Uluru tenha transcendido fronteiras desde 1893, somente a partir da metade do século 20 é que os visitantes começaram a explorá-la. Foi somente em 1950 que as autoridades australianas decidiram promover ativamente o desenvolvimento da infraestrutura turística, desbravando o caminho para essa maravilha enigmática.

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O guia de visitantes enfatiza que “apesar de não haver proibição explícita, é nossa preferência que, como convidado nas terras dos Anangu, você escolha honrar nossa lei e cultura, evitando a escalada”. No entanto, lamentavelmente, um terço dos visitantes do monólito optam por desafiar essa orientação. Em novembro de 2017, o conselho do Parque Nacional Uluṟu-Kata Tjuṯa votou de forma unânime pela proibição da escalada de Uluru, medida que entraria em vigor a partir de outubro de 2019. Além disso, é importante destacar que fotografar certas partes da rocha, incluindo a formação conhecida como o “Cérebro”, não é permitido.

De acordo com a ancestral lenda dos Anangu, há milhões de anos, Uluru era apenas uma pequena rocha. Um trágico dia testemunhou a morte de muitas pessoas ao seu redor, e como um ato de absorção espiritual, Uluru incorporou suas almas e expandiu em tamanho. Crê-se que aqueles que tentam escalar o topo ou apanhar um fragmento da rocha como lembrança provocam a indignação daqueles que repousam em Uluru.

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Escalada na pedra cessará definitivamente a partir de outubro de 2019 | Crédito da foto

Diversas narrativas relatam experiências de turistas que trouxeram consigo um fragmento do Monte Uluru como lembrança, apenas para devolvê-lo posteriormente, alegando que essa ação acarretaria em má sorte. Essas pessoas afirmam ter sentido a maldição associada a carregar uma parte do monumento, considerado de profunda sacralidade pelos povos aborígenes. O Parque Nacional Australiano, encarregado da gestão do monte, relata receber diariamente pacotes provenientes de várias partes do mundo, cada um contendo um pedaço de Uluru e um pedido de desculpas.

Esta prática de retorno dos fragmentos, acompanhada por desculpas, destaca a consciência crescente entre os visitantes sobre a importância cultural e espiritual do Monte Uluru para os povos aborígenes. A crescente sensibilidade para com a conexão ancestral desses locais sagrados promove um maior respeito e compreensão das crenças e tradições dos povos originários.

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Panorama visto em cima da pedra | Crédito da foto
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As variações de cores de Uluru, dependendo da hora do dia | Crédito da foto

Fontes: 1 2 3

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