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A arte de camuflar navios na guerra

Após o início da Segunda Guerra Mundial, a Suécia optou pela declaração de neutralidade e, consequentemente, fortaleceu suas capacidades de defesa militar. Entre os vinte países europeus que também se declararam neutros em 1939, apenas oito conseguiram manter essa posição durante todo o conflito. Além da Suécia, esses países incluíam Irlanda, Portugal, Espanha, Andorra, Liechtenstein, Suíça e Vaticano.

Para sustentar sua postura neutra, o governo sueco tomou decisões estratégicas que envolveram concessões à Alemanha. Isso incluiu permitir que tropas alemãs cruzassem o território sueco de trem, tanto da Noruega para a Finlândia, como também para a própria Alemanha. Além disso, a Suécia manteve um constante fornecimento de minério de ferro para a Alemanha.

Essas medidas, embora controversas, visavam evitar o envolvimento direto da Suécia no conflito, preservando sua neutralidade e segurança durante aquele período turbulento da história. Vale ressaltar que essas decisões foram tomadas em um contexto complexo e desafiador, em que o país procurava equilibrar suas obrigações internacionais com a manutenção da paz e estabilidade interna.

A arte de camuflar navios na guerra
HSwMS Tre Kronor da marinha sueca

Com efeito, apesar da declaração de neutralidade, tanto o governo quanto a população sueca reconheciam a possibilidade de uma invasão alemã em larga escala. Diante desse cenário de ameaça, o país adotou uma abordagem estratégica de ocultar secretamente seus recursos mais valiosos e militares em várias regiões, visando limitar o saque e a utilização desses recursos pelos alemães, caso ocorresse uma ocupação.

Dentre os recursos considerados de maior interesse para o exército alemão estavam os navios de guerra suecos. Para proteger essas embarcações, os suecos recorreram a uma técnica histórica utilizada pelos vikings no passado: escondê-los estrategicamente em locais seguros.

Essa medida revelou-se uma solução eficaz para proteger a frota naval sueca, uma vez que a tática viking de ocultação já era reconhecida por sua eficiência e resistência ao longo dos tempos. Dessa forma, ao utilizar esse método, a Suécia conseguiu salvaguardar seus navios de guerra de uma possível captura ou destruição pelas forças alemãs durante o conflito.

Essa engenhosa estratégia demonstra a habilidade do país em adaptar conhecimentos históricos às necessidades modernas de defesa, garantindo a preservação de seus ativos militares vitais durante um período tão delicado como a Segunda Guerra Mundial. Além disso, evidencia a rica herança cultural e militar que influenciou as decisões tomadas pelas autoridades suecas em momentos cruciais da história.

A arte de camuflar navios na guerra
Efeito feito na imagem para distinguir o navio Tre Kronor na paisagem da ilha

O cruzador Tre Kronor (Três Coroas) de 7.400 toneladas, com suas impressionantes características e capacidade ofensiva, representava o navio mais importante e valioso da marinha sueca na época. Seu poderio era evidente através dos seis torpedos de 533 mm, sete canhões Bofors de 152 mm e a capacidade de transportar 160 minas. O governo sueco havia encomendado três cruzadores, e o Tre Kronor foi lançado ao mar em 1944. No entanto, devido aos desafios logísticos e à escassez de recursos durante a guerra, sua conclusão total foi prejudicada.

Em 1945, o segundo navio, Göta Lejon (leão gótico), também foi lançado. A intenção inicial era construir uma frota maior desses navios, mas as dificuldades enfrentadas, como a falta de recursos e a rendição da Holanda, onde os principais armamentos do navio estavam sendo produzidos, impuseram severas limitações à produção.

Esses obstáculos mostram como a guerra teve um impacto significativo nos planos de desenvolvimento naval da Suécia naquela época. A escassez de materiais e a interrupção das cadeias de suprimentos em outras partes da Europa tornaram difícil para o país prosseguir com seus ambiciosos projetos de construção naval. Apesar dessas dificuldades, a Suécia manteve sua postura de neutralidade e buscou adaptar-se à situação, garantindo a proteção e defesa de seus recursos militares essenciais durante esse período conturbado da história.

A arte de camuflar navios na guerra
O Väinämöinen, navio da marinha finlandesa sutilmente camuflado em 1944

A proteção e camuflagem do HSwMS The Kronor foram medidas inteligentes adotadas pela marinha sueca para salvaguardar seu navio mais importante e moderno durante a Segunda Guerra Mundial. O emprego da técnica histórica usada pelos vikings demonstra a capacidade do país de utilizar conhecimentos ancestrais para se adaptar às necessidades de guerra moderna.

Essa estratégia consistiu em transformar o navio em parte da geografia local, camuflando-o eficientemente. As redes utilizadas para cobri-lo eram pintadas com cores semelhantes às das pedras e da vegetação ao redor do local onde estava ancorado, tornando-o quase invisível aos olhos de possíveis inimigos. Essa tática foi eficaz, e o navio conseguiu permanecer escondido durante um ano inteiro.

Felizmente, com o desfecho da guerra e a queda do nazismo em 1945, a necessidade de manter o navio oculto chegou ao fim. A proteção e a estratégia de camuflagem adotadas provaram-se fundamentais para a preservação desse ativo naval valioso da Suécia.

Essa prática de camuflar e ocultar navios remonta aos tempos dos vikings, que também adotavam essa tática durante suas expedições. Ao deixar seus barcos próximos à costa e cobri-los com ramos e folhas, eles conseguiam protegê-los de possíveis inimigos ou ladrões.

É interessante notar que outros países nórdicos também adotaram essa mesma técnica, demonstrando a relevância histórica e a eficácia dessa estratégia para a proteção de embarcações em situações de conflito ou ameaça. A combinação de tradição e inovação permitiu à Suécia manter seu navio mais valioso a salvo durante esse período desafiador da história mundial.

A arte de camuflar navios na guerra
Väinämöinen
A arte de camuflar navios na guerra
Väinämöinen
A arte de camuflar navios na guerra
A arte de camuflar navios na guerra
Navio norueguês Hauk em 1989

Fontes: 1

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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