A aldeia de Baktawng Thlangnuam, Estado de Mizoram, a cerca de 70 quilômetros de Aizwal, no nordeste da Índia, abriga a maior família conhecida do mundo, composta por 199 pessoas que residem sob o mesmo teto em um enorme edifício, chamado Chhuan Thar Run ou Casa da Nova Geração.
O falecido Pu Ziona (1945-2021) foi o patriarca desta família extraordinária, amplamente reconhecida como a maior do mundo, composta por 38 esposas, 89 filhos e 36 filhas. Após o falecimento de Ziona em 2021, aos 76 anos, devido a complicações de saúde relacionadas à hipertensão e diabetes, sua extensa família permanece unida, compartilhando um complexo residencial impressionante nas colinas de Baktawng. Alguns de seus filhos têm múltiplas esposas, expandindo o número total de membros da família para 199.
Diariamente, todos se reúnem no vasto salão de sua residência para as refeições, transformando o momento em uma cena que se assemelha mais a uma cantina movimentada do que a uma refeição familiar convencional. O compartilhamento é uma prática comum entre os membros, abrangendo desde as responsabilidades diárias até as finanças. Apesar do desejo de preservar o legado de Pu Ziona, as perspectivas e dinâmicas da família estão evoluindo.
Um dos filhos mais jovens de Ziona, Sr. Record, expressou recentemente ao jornal The Straits Times: “Eu não sou meu pai! Ele foi escolhido por Deus, mas somos apenas seres humanos normais e não podemos ter múltiplas esposas“. Esta declaração reflete a mudança gradual no entendimento e prática dentro da maior família do mundo, enquanto cada geração adapta sua própria jornada dentro dessa notável linhagem familiar.
Outros membros da família estão considerando enviar seus filhos para locais onde possam receber uma educação mais ampla, ampliando suas chances de sucesso na vida. Atualmente, outra residência está sendo erguida na aldeia para acomodar o crescimento contínuo da família, sinalizando que os dias de todos sob o mesmo teto estão contados. No entanto, a singularidade desse arranjo continua a atrair um número considerável de turistas para a remota vila de Baktawng.
Pu Ziona liderou uma seita cristã de longa data chamada Chhuan Thar Kohhran (Igreja da Nova Geração) no estado de Mizoram, sendo considerado por muitos um profeta e um ‘homem escolhido de Deus‘. Por essa razão, ele encontrou pouca oposição dos membros de sua comunidade ou de sua própria família ao escolher novas esposas. De fato, as famílias locais prontamente ofereciam suas filhas a um homem tão reverenciado.
A Chhuan Thar Kohhran endossa a prática da poligamia, e seus 2.600 membros, a maioria residindo em Baktawng, acreditam em uma “era de ouro” pós-apocalíptica, onde serão poupados da ira divina e agraciados com privilégios especiais. Essa crença na tradição e nos ensinamentos da seita contribui para a manutenção da prática da poligamia e para a estabilidade da comunidade, que vê nesse arranjo uma garantia de um futuro especial e abençoado.
Mesmo após quase dois anos desde o falecimento de Pu Ziona, seu impacto na comunidade permanece vívido. Retratos e quadros dele ainda adornam a casa da família, e os valores que ele professava são passados de geração em geração por seus descendentes.
Manter uma família de 199 membros unida, ao mesmo tempo que providencia alimentação e vestuário, é uma tarefa hercúlea. Felizmente, todos contribuem: seja trabalhando nas cinco pocilgas da família, criando cerca de 100 porcos para consumo de carne; nos campos, cultivando uma variedade de culturas; ou nas quatro oficinas de carpintaria e na oficina de alumínio da família.
A preparação das duas refeições diárias é monumental, demandando pelo menos 80 kg de arroz e vários outros ingredientes, cozidos em caldeirões gigantes que, em seguida, precisam ser limpos. No entanto, essas tarefas são compartilhadas, e não há espaço para queixas. “Como seres humanos, todos enfrentamos dificuldades e desafios, mas nossa família tem um lado positivo, pois somos uma grande família que se apoia mutuamente”, compartilhou uma das noras de Pu Ziona. “Quando alguém adoece, estamos lá para nos apoiar.“
Apesar de ser ciente de que o legado polígamo da família pode acabar com ele – ele tem duas esposas –, Nunparliana, o filho mais velho de Ziona, mantém a esperança de que sua extensa família permaneça unida por muito tempo. O compromisso com a coesão e o suporte mútuo continua a ser o alicerce dessa notável comunidade, independentemente das mudanças nos arranjos familiares.
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