Animais & Natureza

Dindim, o pinguim que sempre retorna para quem o ajudou

Em meados de 2011, uma comovente história de resgate e amizade surgiu quando João Pereira de Souza, um pedreiro aposentado de 71 anos, encontrou um pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) em estado lamentável na praia de Provetá, na Ilha Grande, Rio de Janeiro. O pobre animal estava coberto de óleo, mal conseguia se mexer e parecia estar à beira da morte.

Sem pensar duas vezes, João desenvolveu-se intensamente à recuperação do pequeno pinguim. Ao longo de uma semana, ele delicadamente limpou o corpo da ave, cuidou de suas lesões e alimentou-a com peixes, proporcionando os cuidados necessários para que ela recupere sua força e vitalidade. Finalmente, chegou o momento de devolver o pinguim ao mar, seu verdadeiro lar. Inicialmente, João o levou para alto mar em um barco e o libertou, acreditando que aquele seria o fim de sua jornada juntos.

No entanto, para sua surpresa e alegria, o pinguim não apenas sobreviveu, mas também decidiu permanecer próximo a João. A Ave voltou para sua casa, formando um vínculo especial com seu salvador. Desde então, eles têm sido inseparáveis. O pinguim retorna ao mar em algumas ocasiões, mas sempre encontra seu caminho de volta para a companhia de João. Essa bela amizade resistiu ao teste do tempo. Ao longo dos anos, o pinguim desapareceu temporariamente, mas sem falhar, ele retorna para reencontrar seu amigo humano em junho de 2012 e, desde então, continua a fazê-lo.

Dindim, o pinguim que sempre retorna para quem o ajudou
Crédito da foto

Desde que se conheceram, o animal, que normalmente se reproduz na costa da Patagônia, a cinco mil quilômetros de distância, tornou-se um companheiro fiel, nadando todos os anos de seu habitat para passar oito meses morando com o pescador em sua casa na ilha. Em uma entrevista emocionante ao Programa Domingão do Faustão da Rede Globo, João declarou: “Eu amo o pinguim como se fosse meu próprio filho e acredito que ele também gosta de mim“. A ave, carinhosamente chamada de “Dindim” por João, manifesta sua afeição com entusiasmo, fazendo algazarra sempre que reconhece seu amigo humano.

Essa amizade improvável é tão especial que ninguém mais pode se aproximar do pinguim sem levar bicadas, mas com João, a história é diferente. “Ele deita no meu colo, deixa-me pegá-lo, como se eu fosse um membro da família dele“, completou João. O pedreiro acredita que o vínculo entre eles se fortaleceu desde o momento em que encontrou o pinguim coberto de óleo na praia e o levou para sua casa, cuidando dele até sua recuperação.

Essa história de amor e amizade transcende as barreiras das espécies, mostrando como gestos de bondade podem criar laços verdadeiros e duradouros. O pinguim “Dindim” encontrou em João um amigo e protetor, e, em troca, o pescador recebeu a companhia afetuosa de uma

Dindim, o pinguim que sempre retorna para quem o ajudou
Crédito da foto

João relembra que em 2011, na véspera do carnaval, o pinguim já estava forte e foi embora. “Todo mundo dizia que ele não voltava mais. No dia que completou quatro meses certinho, ele chegou na praia. Quando me viu no portão ele já veio com aquela alegria“, aponta João. Segundo o aposentado, o pinguim é tão inteligente que até fala o seu nome. “Ele chama direitinho. Nunca vi um bicho tão inteligente feito esse não” Em cada ano, o pinguim passa oito meses por ano junto com João. Vai pro mar, algumas vezes, por dia ou meses, mas sempre retorna. Às vezes, quando ele vai pra fora, eu sonho brincando com ele, aí eu penso: “tô ficando maluco, o pinguim lá no mar e eu sonhando com ele aqui“, brinca João.

O biólogo João Paulo Krajewski, que entrevistou o pedreiro aposentado para a Rede Globo diz que o animal é macho e tem cerca de seis anos de idade, disse: “Eu nunca vi nada assim antes. Eu acho que o pinguim acredita que João é parte de sua família e o vê, como se fosse um pinguim também. Quando o animal o vê, abana o rabo como se fosse um cachorro e faz uma gritaria danada“.

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Pinguins vivem por cerca de 25 anos e são conhecidos por sua lealdade para com seus companheiros, ficando com o mesmo parceiro até eles morrerem. No entanto, os ambientalistas alertam que, embora centenas de espécies da região do Estreito de Magalhães na Patagônia migrem milhares de quilômetros para o norte em busca de comida, hovu um aumento preocupante de mortes dessas criaturas nas praias brasileiras. Entre 2010 e 2013, o Instituto Baleia Jubarte, na Bahia, registrou mais de 180 casos de animais daquela região, encontrados ao longo da costa brasileira. O professor David Zee, oceanógrafo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro em entrevista ao Independent da Inglaterra, disse que o aumento se deve em parte às mudanças climáticas globais.

Ele explicou “Todos os anos as fortes correntes oceânicas da região das Malvinas capturam e trazem muitas espécies de focas, baleias, golfinhos, tartarugas e pinguins para a costa brasileira. Isso está se tornando mais problemático devido às mudanças ambientais e à crescente frequência do El Niño, no qual o Oceano Pacífico está se aquecendo por períodos prolongados de tempo. As criaturas marinhas se confundem e se perdem quando são arrastados para longe do habitat natural e acabam em áreas onde não conseguem sobreviver“. O professor acrescentou que animais marinhos enfrentam “um aumento do perigo com a contínua contaminação dos oceanos por petróleo e outros derivados“, derramados por petroleiros.

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Felizmente, para o aposentado João e Dindim, as coisas são diferentes, embora seja ilegal no Brasil manter animais silvestres como animais de estimação. O biológo Krajewski disse: “Profissionais que trabalham com animais tentam evitar relacionamentos como esse da Ilha Grande, para que eles sejam capazes de reintroduzir o animal na natureza”. Esse caso específico, o animal é livre, podendo ir embora na hora que quiser e João não o impede de fazer isso, mas quando está em sua casa, prefere deixar o animal em seu quintal, para que não seja atacado pelos  cães de rua que ficam perambulando pela praia.

Fontes: 1 2

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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