Lugares

Ilhas Madalena: Refúgio dos Sobreviventes de Naufrágios

As ilhas Madalena ou ilhas da Madalena (em francês: Îles de la Madeleine, em inglês: Magdalen Islands) são um arquipélago do oceano Atlântico situado no golfo de São Lourenço, no Quebec. As ilhas ficam perto do centro do golfo, entre a península de Gaspé e a ilha Cape Breton (Nova Escócia), a meio-caminho entre a Ilha Príncipe Eduardo e a Terra Nova, no Canadá.

Eram ilhas cobertas por densa floresta, e hoje são reflorestadas continuamente, tendo o nível de coberto florestal chegado a 25%. São propensas a sistemas dunares, com mais de 300 km de praias. A maior ilha chama-se Havre Aubert e é a mais meridional. De 1534 a 1536, o navegador Jacques Cartier, descobriu o arquipélago, e batizou as ilhas de “les Araynes“, do latim “arena”, que significa areia.

Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto

As Ilhas da Madalena têm uma longa história de naufrágios. Nos séculos 18 e 19, estimasse que entre 500 a 1.000 navios foram vítimas das areias movediças e das águas rasas das Ilhas da Madalena. Numa única tempestade, 48 navios afundaram na região. Naqueles dias, não haviam faróis na área e os mapas não eram precisos. Entre ventos fortes, neblina e águas agitadas, a navegação se tornou um jogo de adivinhação e destreza. Muitos navios, juntamente com seus passageiros pereceram naquelas águas. Aqueles que sobreviveram escolheram se estabelecer e fazer das ilhas o seu lar.

Um dos mais conhecidos naufrágios nas Ilhas da Madalena é o navio de imigração “Miracle”, que estava transportando famílias da Irlanda para o Canadá, quando desembarcou em East Point durante uma violenta tempestade. O capitão do “Miracle”, o Mestre H.H. Elliot, ao expressar sua gratidão e admiração pelos socorristas das Ilhas da Madalena em seu relatório, destacou a necessidade de faróis naquelas áreas.

“Isto é para certificar que o navio Miracle sob meu comando, naufragou nas Ilhas da Madalena no dia 19 de maio de 1847, com 446 almas a bordo, e através dos esforços do Sr. James Clark e seus filhos, conseguiram salvar quase todos eles e eles merecem grandes elogios por seus esforços, tanto no fornecimento de provisões como de abrigo. Acredito firmemente que uma luz no extremo leste da ilha salvaria muitos naufrágios, já que Brion e Bird Rocks podem ser vistos com certeza.”

Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios

Quase vinte anos antes do incidente, em 1828, um relatório semelhante foi enviado pelo capitão Edward Boxer ao Grande Almirante da Grã-Bretanha Marítima, no qual mencionou: “Descobri uma grande necessidade de faróis no Golfo de São Lourenço. Nesse mar, a navegação é tão perigosa devido à correntes fortes e irregulares, e não há um único farol em todo o Golfo. É verdadeiramente lamentável encontrar tantos naufrágios em lugares diferentes da costa… O número de vidas perdidas é muito grande e certamente incalculável…” Suas queixas foram finalmente ouvidas, e os primeiros faróis foram erguidos no início da década de 1870. Hoje, existem seis faróis em torno das ilhas.

Muitos dos naufrágios das Ilhas da Madalena estão escondidos no fundo do mar em vários estados de decadência. Mas alguns velhos cascos são visíveis da praia, como um naufrágio de 1963 na Ilha de Corfu. A maioria das casas construídas na ilha, forma feitas com madeira e outros materiais vindos dos naufrágios, bem como em Old Harry, a igreja de St. Peters de mais cem anos, construída inteiramente com madeira de naufrágio.

Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto: Uladzimir Taukachou

Hoje, a ilha é composta principalmente de pessoas de língua francesa, com apenas cerca de 550 residentes falando inglês. Eles são descendentes de pessoas que vieram da Inglaterra, Escócia e Irlanda. A maioria das pessoas se estabeleceram em três comunidades nas ilhas: Grosse-Île, Old Harry no norte do arquipélago, e Entry Island (Île-d’Entrée em francês), uma pequena ilha no sul somente acessível através da barco. As comunidades francesas e inglesas preservaram suas tradições e costumes ao longo dos anos. Até 1970, havia poucos casamentos entre os dois grupos e cada comunidade tinha sua própria igreja, católica ou protestante e suas próprias escolas.

Os habitantes vivem virtualmente isolados do resto do mundo, especialmente durante o inverno, quando ás águas do golfo congelam, fazendo as viagens de barco impossíveis. Sua única linha de comunicação com o continente é uma estação de telégrafo sem fio.

Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto
Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto
Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto
Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto: Uladzimir Taukachou
Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto: Uladzimir Taukachou
Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto: Uladzimir Taukachou
Ilhas Madalena, a ilha dos sobreviventes de naufrágios
Crédito da foto: Anna Bressanin

Fontes: 1 2 3

Postagens por esse mundo afora

Leia também:

Piedra de Alto Larán: A pedra no meio da avenida no Peru

Long Neck Karen, as mulheres girafas de Myanmar

O prédio na Ucrânia que matava seus moradores

Avalie este artigo!
[Total: 0 Média: 0]
Atenção! Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do usuário e não expressa a opinião do site.

Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

1 comentário

Clique para deixar um comentário