Matusalém desembarcou nos EUA em 1938, vinda da Austrália em um navio a vapor, acompanhada por 230 peixes. Hoje, considerada fêmea pelos cientistas (embora sem confirmação), ela é o único sobrevivente desse grupo. Começou como um pequeno peixe e cresceu ao longo dos anos, apreciando a vida no aquário sem parecer incomodada pelos visitantes.
Em 2017, ganhou o título informal de peixe mais longevo em cativeiro aos 84 anos, mas testes recentes indicam que tem entre 92 e 101 anos, surpreendendo com sua longevidade. Matusalém, é batizado em homenagem à figura bíblica que morreu aos 969 anos.
Os peixes pulmonados, fascinantes e desafiadores de datar, diferem notavelmente de outras espécies de peixes. Os cientistas tradicionalmente usam os ossos das orelhas para datar a idade dos peixes, mas esses peixes têm ossos auriculares distintos, mais próximos dos humanos ou vacas do que do salmão ou bacalhau.
Eles possuem a capacidade de respirar ar com um pulmão quando fora d’água ou em ambientes aquáticos em mudança. Além disso, têm o genoma mais extenso entre os animais conhecidos, com 43 bilhões de pares de bases, cerca de 14 vezes o número encontrado nos humanos. Essas características singulares os tornam notáveis na diversidade animal.
“Geneticamente, lidar com peixes normais é relativamente simples, mas para os peixes pulmonados, sua singularidade e diferenças desafiam muitas das técnicas usuais”, afirmou David T. Roberts, cientista sênior da Seqwater, ao The Guardian. “Explorar seus segredos tem sido um desafio para nós, especialmente na gestão e conservação, pois compreender sua idade é fundamental.”
A equipe do Aquário Steinhart descreve Matusalém como um peixe feliz e satisfeito, mas os cientistas estão intrigados sobre seu comportamento em relação à idade, se ele demonstra características associadas à velhice em comparação aos peixes mais jovens. Embora seja difícil determinar, alguns especialistas apontam sinais típicos de peixes geriátricos, como mudanças na coluna, perda de peso, turvação ocular e escamas grisalhas. Até o momento, no entanto, nenhum desses sinais foi observado em Matusalém.
“Não podemos afirmar se essa mudança sutil na coloração está diretamente ligada à idade dela”, comentou o diretor do aquário sobre as variações na coloração de Matusalém ao longo dos anos. “No entanto, é o único aspecto físico que notamos como diferente neste peixe.”
Matusalém e sua espécie continuam envoltos em mistérios, mas os cientistas estão empenhados em desvendá-los. Até o momento, sabemos apenas que ela detém o título de peixe mais longevo em cativeiro e, pelo aspecto vibrante que mantém, parece que permanecerá com esse título por um bom tempo.
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