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O Vale dos Jarros de pedra no Laos

O Vale dos Jarros é um conjunto de locais únicos que abrigam monumentos históricos e arqueológicos extraordinários – os gigantes jarros de pedra. Esses objetos enigmáticos estão localizados na província de Xiangk houang, no Laos. Milhares desses imensos recipientes de pedra estão dispersos por entre a exuberante vegetação tropical. Eles variam em tamanho, com os maiores chegando a medir até 3 metros de altura e pesando até 6.000 kg.

Embora a maioria dos jarros gigantes seja de formato cilíndrico, também é possível encontrar jarros ovais e retangulares. Ao lado desses jarros peculiares, foram descobertos discos redondos que supostamente eram utilizados como tampas para os jarros. Esses vasos foram esculpidos em materiais como granito, arenito, rocha e até coral calcinado. Com base em estudos científicos, estima-se que os jarros de pedra tenham entre 1.500 e 2.000 anos de idade.

Até o momento, os cientistas não conseguiram determinar com precisão a idade dessas criações feitas por mãos humanas, ou talvez até não sejam humanas. Os enormes jarros estão dispersos por uma área extensa, como se gigantes estivessem fazendo um piquenique e se divertindo muito. Acredita-se que tenham cerca de 2.000 anos de idade, mas ninguém tem certeza. O mistério se aprofunda quando percebemos que não há rochas próximas das quais esses jarros poderiam ter sido esculpidos. Além disso, arrastar artefatos de até 6 toneladas por longas distâncias nas montanhas certamente não seria uma tarefa fácil.

O enigmático Vale dos Jarros, também conhecido como Planície dos Jarros, está localizado no Laos, não muito distante da cidade de Phonsavan, no planalto da província de Xianghuang. De acordo com pesquisas científicas, estabeleceu-se que esses jarros datam aproximadamente do período entre 500 a.C. e 500 d.C., durante a Era do Ferro. Até o momento, foram descobertos mais de 90 locais no vale, nos quais o número de jarros varia de 1 a 392 peças. Esses jarros possuem diâmetros que variam entre 1 e 3 metros, são esculpidos em rochas e têm formato cilíndrico. Muitos deles possuem uma borda na abertura, sugerindo que eram utilizados com tampas.

Durante as escavações e pesquisas realizadas no local, foram encontrados dentes, contas de vidro, fragmentos de cerâmica e objetos de bronze, bem como restos ósseos humanos próximos aos jarros megalíticos. Existem várias teorias e especulações sobre a origem desse misterioso vale dos jarros, e abaixo estão listadas as versões mais básicas.

Esta não é uma versão, mas uma lenda. De fato, existem várias lendas e histórias populares que cercam esses misteriosos jarros de pedra. Uma das lendas conta que, há muito tempo, enormes gigantes habitavam o vale e eram os responsáveis pela criação dos jarros. Esses gigantes teriam deixado para trás os jarros como testemunho de sua presença no local.

Outra lenda sugere que os jarros foram feitos pelo rei Khung Chyng após ele ter derrotado seus inimigos. Em comemoração à sua vitória, o rei decidiu produzir grandes quantidades de vinho de arroz conhecido como “lao lao”, que seria armazenado nos jarros. Essas lendas e histórias são passadas de geração em geração e contribuem para o mistério e fascínio em torno do Vale dos Jarros. Embora não haja comprovação científica para essas narrativas, elas adicionam um elemento de folclore à rica história e cultura do Laos.

É interessante mencionar que há relatos de jarros de pedra semelhantes encontrados em outros países, como Índia e Indonésia. Essas descobertas sugerem uma possível conexão com as rotas comerciais da época. Uma hipótese é que esses jarros tenham sido produzidos para atender às necessidades dos comerciantes de diferentes países ao longo dessas rotas.

Uma teoria sugere que os jarros eram utilizados para coletar água da chuva durante as monções. Durante essa estação chuvosa, os viajantes e animais poderiam saciar sua sede com a água armazenada nos jarros. Além disso, os itens encontrados próximos aos jarros, como contas e outros objetos, poderiam ter sido oferecidos como rituais para os deuses, buscando a benevolência divina para que a chuva continuasse a encher os jarros de água.

Essas especulações são baseadas em evidências e nas localizações dos jarros em relação às rotas comerciais. No entanto, é importante ressaltar que ainda não há uma confirmação definitiva sobre a finalidade exata desses jarros de pedra e seu significado em contextos históricos e religiosos. A pesquisa continua a fim de desvendar mais detalhes sobre esses enigmáticos artefatos.

É interessante observar que nas proximidades do sítio nº 1 foi descoberta uma caverna contendo dois buracos artificiais, com vestígios de fuligem em seu interior. Acredita-se que essa caverna tenha sido usada como um crematório, e os buracos seriam as chaminés. Os objetos e restos mortais encontrados dentro dos jarros indicam evidências de cremação, enquanto ao redor dos jarros são encontrados indícios de enterros sem cremação. Esses achados têm sido interpretados de várias maneiras.

Uma das teorias sugere que os corpos das classes mais altas eram cremados para que suas almas pudessem ascender aos céus, enquanto os plebeus eram enterrados para que suas almas servissem à terra. Outra versão propõe que o corpo do falecido era inicialmente colocado dentro de um jarro e, após um período de tempo, quando a alma partia para o outro mundo, o corpo era cremado e novamente enterrado. Uma terceira interpretação sugere que inicialmente apenas uma pessoa era enterrada dentro do jarro e, ao longo dos anos, os parentes do falecido eram enterrados ao redor do recipiente.

As primeiras escavações arqueológicas foram conduzidas pela arqueóloga francesa Madeleine Colani na década de 1930. Ela tinha a convicção de que essas estruturas gigantes foram criadas por uma civilização muito antiga e eram utilizadas para rituais funerários, servindo como recipientes para armazenar cinzas. Madeleine também descobriu uma caverna com enterros e restos cremados nas proximidades do vale. Outra versão sugere que os jarros eram utilizados para armazenar alimentos e outras substâncias.

Essas interpretações variadas destacam a complexidade e o mistério que envolvem o Vale dos Jarros. À medida que mais pesquisas e escavações são realizadas, espera-se que mais evidências e informações sejam descobertas, trazendo novos insights sobre o propósito e a significância desses jarros de pedra.

Durante o período da Guerra Secreta (1964-1973), os bombardeios americanos tiveram um impacto significativo na região do Laos. A província de Xianghuan, onde está localizado o Vale dos Jarros, foi particularmente afetada, deixando o território repleto de milhões de minas terrestres não detonadas. Além dos danos e destruição causados aos jarros como resultado desses bombardeios, o acesso à maioria dos locais dos jarros ainda é limitado e extremamente perigoso. A remoção dessas munições não detonadas não é um processo barato para o Laos, um país economicamente desfavorecido.

Em vista dessa situação, o Laos PDR tem solicitado o status de “Patrimônio Mundial da UNESCO” para o Vale dos Jarros, a fim de atrair financiamento externo para a desminagem das áreas circundantes. Atualmente, apenas sete locais de jarros são considerados seguros para visitação: os números 1, 2, 3, que são os mais visitados, e os números 16, 23, 25 e 52, que são menos conhecidos.

A concessão do status de “Patrimônio Mundial da UNESCO” poderia trazer recursos e apoio internacional para ajudar na limpeza das áreas afetadas pelas minas terrestres, permitindo um acesso mais seguro e ampliando a proteção e conservação do Vale dos Jarros. Essa iniciativa é fundamental para preservar o patrimônio cultural e histórico dessa região única.

Embora tenham sido descobertos mais de 400 locais de jarros, apenas três deles estão abertos para visitação turística. O maior deles, chamado Site No. 1, está localizado próximo à cidade de Phonsavan.

Apesar de sua localização remota, o Vale dos Jarros sofreu severamente com os impactos da Guerra do Vietnã. Entre as décadas de 1960 e 1970, um grande número de bombas foi lançado sobre o Laos. Desde então, os jarros de pedra carregam as marcas desses eventos, com rachaduras em suas paredes e enormes crateras entre eles.

Sem dúvida, a planície dos jarros atrairia um número ainda maior de turistas se não fosse pela presença das bombas não detonadas, que representam mais de 30% das munições lançadas e ainda estão espalhadas pelo vale. Segundo pesquisadores, aproximadamente 250.000 armadilhas ocultas ainda estão presentes no Laos, e relatos de incidentes trágicos são frequentes, ocorrendo quase todas as semanas.

Embora esperemos que um dia seja possível desvendar o mistério do Vale dos Jarros, é importante lembrar que viajar para o Laos requer extrema precaução. A situação das munições não detonadas representa um risco significativo para a segurança.

As autoridades estão considerando conceder o status de Patrimônio Mundial da UNESCO ao Vale dos Jarros. No entanto, a complexidade desse processo reside no fato de que a região de Xiangkhuang foi bombardeada pela Força Aérea dos Estados Unidos durante a Guerra Secreta nos anos 70. Como resultado, a maior parte desse incrível vale permanece inacessível aos turistas.

Durante os bombardeios, não apenas os jarros foram danificados, mas também o próprio terreno, que agora apresenta muitas crateras profundas. Ao longo dos anos, muitos dos jarros menores foram retirados das colinas pelos coletores. No entanto, apesar desses fatos, ainda há centenas de exemplares remanescentes no local, agrupados em cinco áreas. O local mais visitado pelos turistas é conhecido como Thong Hai Hin, onde se encontra o maior jarro de todos.

A concessão do status de Patrimônio Mundial da UNESCO poderia ajudar a preservar e proteger o Vale dos Jarros, além de permitir a recuperação e restauração das áreas danificadas. Isso também abriria caminho para o acesso seguro a mais locais no vale, permitindo que os visitantes apreciem plenamente a beleza e o mistério desses artefatos únicos.

Há um total de mais de 4.000 jarros no planalto de Xiangkhuang, porém apenas três locais são oficialmente considerados áreas turísticas:

  • O primeiro local está localizado a cerca de 10 km a sudoeste de Phonsavan. É o maior local e abriga aproximadamente 250 jarros, sendo o maior deles pesando cerca de 3,7 toneladas. Neste local, também há uma caverna onde, segundo a lenda, os gigantes teriam queimado esses mesmos jarros. Para acessar esse local, é necessário pagar uma taxa de entrada, que geralmente é em torno de 10.000 kip.
  • O segundo local está localizado a cerca de 15 quilômetros da cidade, nas colinas próximas à vila de Xiengdi. Nesse local, cerca de 150 jarros foram preservados e podem ser explorados pelos visitantes.
  • O último local está localizado um pouco mais distante do que o segundo, a cerca de 27 km de Phonsavan. Embora não tenha sido mencionado o número exato de jarros nesse local, também é uma parada popular para os turistas que desejam explorar o Vale dos Jarros.

Esses três locais oferecem aos visitantes a oportunidade de admirar e aprender sobre essas incríveis relíquias históricas. Cada local possui sua própria atmosfera e características únicas, contribuindo para a fascinante experiência de descobrir o Vale dos Jarros no Laos.

Fontes: 1 2

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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