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Herorats: Os ratos que encontram bombas e salvam vidas

Os ratos da Apopo, conhecidos como HeroRats, são ratazanas gigantes de Gâmbia, treinados para detectar minas terrestres por meio de seu olfato apurado.
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Mais de 60 países ao redor do mundo enfrentam sérios problemas com minas terrestres e explosivos remanescentes de guerras, representando não apenas um perigo constante para as pessoas, mas também uma barreira ao desenvolvimento e crescimento econômico.

Em 2021, ocorreram mais de 5.544 acidentes em todo o planeta envolvendo minas terrestres. Deste valor, 50% dos acidentes envolviam crianças.. É nesse cenário que entra em cena a Apopo, uma ONG belga com sede na Tanzânia, e seus ratos treinados para detectar minas e explosivos.

Herorats

Desde 1997, esses ratos chamados ‘HeroRats’ podem rastrear de forma efetiva uma área de 200 metros quadrados em apenas 30 minutos, enquanto humanos com detectores de minas levariam 25 horas de trabalho, com o agravante de correr o risco de detonar uma mina acidentalmente.

A origem da ideia

A ONG foi fundada por Bart Weetjens, que desde criança mantinha ratos como animais de estimação. Um dia, ao ler um artigo sobre a capacidade dos roedores de detectar explosivos em laboratórios, ele decidiu estudar mais o assunto e começou a treinar seus ratos para a detecção de minas terrestres.

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Posteriormente, foi aconselhado a usar as ratazanas gigantes de Gâmbia (Cricetomys gambianus) devido à sua capacidade olfativa, docilidade, longevidade e adaptação às adversidades da África. As ratazanas de Gâmbia são conhecidas como “Pouched” devido às bolsas em suas bochechas, semelhantes às dos hamsters, onde podem carregar alimentos.

Elas podem chegar a um metro de comprimento, incluindo o rabo, que compõe metade do seu comprimento e pesa de 1 a 1,5 kg. A ONG já trabalhou na detecção de explosivos em Angola, Moçambique, Camboja, Vietnã, Laos e Tailândia e atualmente conta com 47 ratos bem treinados.

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Salva-vidas de quatro patas

Essas ratazanas são capazes de detectar bombas com o olfato e podem salvar as vidas de milhares de pessoas que acabam pisando em artefatos explosivos enterrados no solo. Geralmente, são as crianças locais que mais são afetadas por esse problema. Estima-se que esses animais treinados para farejar bombas tenham salvado pelo menos 9.000 vidas na Tanzânia e em Moçambique desde 2000. Nenhuma dessas ratazanas morreu em serviço.

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Uma mina normal requer um peso de 5 quilos ou mais para detonar, e os ratos mais pesados não ultrapassam um quilo e meio. Um rato da Gâmbia pode viver por até oito anos, mas os ratos utilizados para este projeto estão se aposentando depois de seis anos, quando passam a ser alimentados com bananas e todos os tipos de guloseimas.

Detecção rápida e eficiente da tuberculose

As ratazanas da ong também são usadas na detecção do vírus da tuberculose, onde, em menos de 20 minutos, um rato consegue detectar a doença em 100 amostras, enquanto um técnico de laboratório levaria 4 dias para fazer o mesmo trabalho. Há aproximadamente 9 milhões de novos casos de tuberculose por ano em todo o mundo, e 1,5 milhões de pessoas morreram em 2013. Em muitos países menos desenvolvidos, a doença é detectada por meio de microscopia.

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Uma solução rápida e eficiente

Embora esse método seja eficaz, também é lento e, muitas vezes, casos positivos da doença não são detectados devido à limitação de recursos e qualificação humana. Os ratos da ONG Apopo são tão precisos quanto a microscopia convencional, mas muito mais rápidos e baratos, elevando em 40% a taxa de detecção da doença. Os ratos detectam a tuberculose cheirando amostras de escarro humano, e essas amostras passam por tratamento térmico em autoclaves para que os próprios ratos não peguem a doença.

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Artigo publicado originalmente em junho de 2015

Fonte: 1 2

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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