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Santos: A cidade dos prédios tortos

A cidade de Santos, conhecida como a "Cidade dos Prédios Tortos", representa um fenômeno peculiar e desafiador. Ao longo do tempo, 319 edifícios, incluindo 69 à beira-mar em uma cidade com meio milhão de habitantes, gradualmente adquiriram uma inclinação impressionante.

A cidade de Santos, em São Paulo, é reconhecida não apenas por suas praias, vida noturna agitada e por abrigar um dos principais portos do país, mas também ganhou notoriedade como a “cidade dos prédios tortos”. Isso não é uma mera piada, mas uma realidade impressionante.

Ao longo do tempo, 319 prédios, incluindo 69 à beira-mar em uma cidade de quase meio milhão de habitantes, gradualmente adquiriram uma inclinação notável. Em alguns casos, essa inclinação ultrapassa os 3 metros, sendo facilmente perceptível a olho nu.

Santos: A cidade dos prédios tortos

Enquanto a famosa Torre Inclinada de Pisa, na Itália, permanece há séculos em um ângulo ameaçador, porém cativante, graças aos cuidados de preservação, essa perspectiva otimista não está disponível para as “atrações” menos conhecidas em Santos. Os arranha-céus, erguidos no meio do século passado, começaram a ceder e inclinar.

A terrível visão desses edifícios pode ser avistada da costa, proporcionando uma noção clara do verdadeiro desastre. Surpreendentemente, isso não foi desencadeado por um terremoto ou furacão. A inclinação dos prédios em Santos está relacionada ao tipo de terreno e às limitações tecnológicas da época em que foram construídos. Naquela época, as construtoras não dispunham dos equipamentos avançados que temos hoje para realizar fundações diretas.

Santos: A cidade dos prédios tortos

Atualmente, as tecnologias permitem escavações mais profundas, alcançando a parte rochosa do subsolo para garantir uma base mais estável e firme para as construções. Essas limitações na tecnologia de fundações da época contribuíram significativamente para a inclinação gradual desses prédios ao longo do tempo.

Como resultado, uma grande quantidade de edifícios de apartamentos surgiu durante a noite em uma área de aterro e no centro da cidade. Eles foram construídos muito próximos uns dos outros, pois locais próximos ao litoral são sempre valorizados. Embora não tenha sido surpresa para ninguém que essas construções fossem erguidas em solo arenoso-argiloso instável, nenhuma precaução foi tomada.

O verdadeiro culpado por essa “dança” dos prédios não foi a areia dourada, mas sim o barro, que se encontra a apenas 7 metros de profundidade. Enquanto isso, a camada de solo plástico se estende de 30 a 40 metros abaixo, comprometendo a estabilidade de estruturas pesadas.

Santos: A cidade dos prédios tortos

Se os incorporadores não tivessem sido tão gananciosos e não tivessem colocado os edifícios tão próximos uns dos outros, a situação talvez não fosse tão crítica. Entretanto, como não havia padrões ou regulamentos, todos construíam onde e como queriam. Na maioria dos casos, as fundações eram escavadas a uma profundidade superficial de apenas 4 a 5 metros, sem considerar as consequências a longo prazo.

Esse descuido logo se manifestou: alguns anos após a inauguração dos novos edifícios, os arranha-céus começaram a ceder. Nos primeiros anos, isso passou despercebido para a maioria dos cidadãos, mas posteriormente, a inclinação de alguns edifícios em até 3 metros não poderia ter passado despercebida nem mesmo para os menos atentos.

Diante dessa reviravolta, as autoridades finalmente reagiram e proibiram a construção de fundações rasas. Foi estabelecido um regulamento exigindo que todos os edifícios de vários andares fossem assentados em estacas de 50 metros antes de criar uma base robusta.

Santos: A cidade dos prédios tortos

No entanto, isso veio mais tarde, e centenas de milhares de moradores de prédios “dançantes” e funcionários de escritórios ainda precisam viver e trabalhar em edifícios perigosos, muitos há décadas. Essas pessoas corajosas simplesmente não têm para onde ir, pois é impossível vender apartamentos, escritórios ou espaços comerciais em edifícios com risco de colapso.

Os habitantes da cidade só podem esperar que as coisas não cheguem a um colapso total. Já estão acostumados com os inconvenientes, como pisos irregulares, móveis tortos, a dificuldade de manter um copo cheio de líquido estável e objetos redondos rolando para um canto, entre outros.

Santos: A cidade dos prédios tortos

Apesar do afundamento dos edifícios, as autoridades municipais afirmam que são completamente seguros para a habitação e não tomam medidas preventivas. O único edifício que foi demolido às custas do orçamento municipal foi o edifício do Núncio Malzoni. A reconstrução teve um custo significativo – 1,5 milhões de dólares, um valor proibitivamente alto para o tesouro público. Por esse motivo, todas as obras de reforço foram interrompidas.

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Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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