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As bicicletas pintadas nas paredes na Argentina

O projeto das bicicletas estampadas nas paredes de Rosário é uma forma de homenagear as vítimas da ditadura militar argentina que ocorreu entre 1974 e 1983. Fernando Traverso, um funcionário de hospital e ativista político, iniciou essa iniciativa em 2001. Ele pintou estênceis de bicicletas em tamanho real em várias paredes, janelas, portas e outros espaços pela cidade.

Cada bicicleta representa uma vítima específica da ditadura militar. Ao estampar as bicicletas nas paredes, Traverso pretendeu lembrar e honrar seus vinte e nove amigos que foram sequestrados e mortos durante aquele período sombrio da história argentina.

Crédito: Twitter

Essas bicicletas pintadas nas paredes de Rosário servem como um lembrete constante das vítimas e da violência sofrida durante a ditadura militar. Além disso, o projeto também pode ter o objetivo de conscientizar as pessoas sobre os acontecimentos históricos e promover discussões sobre os direitos humanos e a memória coletiva na sociedade argentina.

A contribuição das bicicletas durante a resistência e como símbolos dos desaparecidos na ditadura militar argentina é um aspecto importante dessa história. A observação feita por Fernando Traverso sobre as bicicletas abandonadas, que muitas vezes eram deixadas para trás pelos desaparecidos, é significativa. Essas bicicletas se tornaram um símbolo visual dos desaparecidos, representando as pessoas que foram sequestradas e mortas durante aquele período.

Crédito: Pruxo/Wikimedia

Ao pintar a imagem da bicicleta nas paredes de Rosário, Traverso não apenas criou memoriais mais permanentes, mas também destacou a importância desse meio de transporte na vida daqueles que foram afetados pela ditadura. As 350 bicicletas estampadas pela cidade representam os 350 desaparecidos específicos de Rosário, mas também são um lembrete de uma tragédia maior que ocorreu em todo o país.

É importante ressaltar que estima-se que cerca de 30.000 pessoas tenham sido mortas ou desaparecido em toda a Argentina durante a ditadura militar. Portanto, as bicicletas estampadas nas paredes de Rosário são apenas uma pequena representação dessas vítimas, mas desempenham um papel significativo na preservação da memória coletiva e na conscientização sobre os eventos ocorridos durante aquele período sombrio da história argentina.

Crédito: Ciclosfera

É emocionante ouvir o relato de Fernando Traverso sobre o projeto das bicicletas estampadas nas paredes de Rosário. O fato de ter começado sozinho, mas ter encontrado apoio e envolvimento de amigos e familiares, mostra como a iniciativa se tornou uma história coletiva. Ao longo de quatro anos, eles conseguiram criar 350 obras que representam as vítimas da ditadura militar.

A escolha das bicicletas como símbolo é poderosa, pois elas desempenharam um papel significativo durante a resistência e também fazem parte das lembranças pessoais de Traverso. Sua paixão pelas bicicletas, mesmo em seus quase 70 anos, mostra como esse meio de transporte o ajudou a conhecer melhor a cidade e traz memórias valiosas de sua juventude.

Crédito: Canorthrop/Wikimedia

Apesar da tristeza subjacente ao episódio por trás das bicicletas estampadas nas paredes, o objetivo principal de chamar a atenção das pessoas que as veem na calçada foi cumprido. Essas obras de arte servem como um lembrete constante das vítimas da ditadura militar e, ao mesmo tempo, celebram a cidade de Rosário e suas histórias compartilhadas.

O projeto das bicicletas estampadas nas paredes de Rosário é um exemplo inspirador de como a arte pode ser usada para lembrar, honrar e dar voz às vítimas de eventos trágicos, ao mesmo tempo em que une a comunidade em uma história coletiva de resistência e memória.

Fernando Traverso, pintando uma de suas bicicletas. 
Crédito: 
Ciclosfera

Fontes: 1 2

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