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Herculano, a cidade menos conhecida de uma tragédia

Por mais de 1.500 anos o vulcão no Monte Vesúvio na Itália ficou adormecido, mas em 24 de agosto de 79 d.C., ele rugiu furiosamente anunciando o que viria a seguir. A grande parte da população ao redor considerou normal e não deu muita importância ao fato. Sabiam que se tratava de um vulcão, mas passaram a vida toda vendo aquele monte quieto que não acreditaram que poderia acontecer algo mais sério, porém nos dois dias seguintes, a morte caiu sobre as cidades, moradias e fazendas que cercam o vulcão, quando este entrou em erupção.

A erupção ocorreu em duas fases, uma que expeliu uma nuvem de fumaça, cinza e pedras-pomes para a atmosfera, num cogumelo com 10 quilômetros de altura e que durou de dezoito a vinte horas, seguida por um fluxo piroclástico que concentrou seu fluxo para a direção oeste e noroeste, engolfando Pompeia e Oplontis, queimando e asfixiando os habitantes que não foram capazes de fugir.

Herculano, a cidade menos conhecida de uma tragédia
As ruínas de Herculano. Observe a altura do terreno adjacente, onde a antiga cidade estava enterrada | Crédito da foto

Pompeia foi uma cidade romana, conhecida por seus habitantes ricos e casas luxuosamente decoradas. Já a cidade de Herculano (Herculaneum), espremida entre o mar e o Monte Vesúvio era menor, mas famosa pela estância balneária e porto comercial igualmente rico. Pompeia sendo maior, era glamourizada com seus bordéis, bares e anfiteatro ofuscou completamente Herculano e muitas outras cidades que sofreram o mesmo destino.

No momento da erupção, Herculano tinha cerca de quatro mil habitantes e boa parte deles teria fugido da cidade assim que as primeiras cinzas começaram a cair. Posteriormente foram descoberto 340 esqueletos nas arcadas que se supõe fossem casas de barcos, confirma que uma parte significativa da população pereceu no desastre, esperando a salvação em embarcações que zarparam de várias localidades do Golfo de Nápoles para tentar resgatar as vítimas da erupção.

Herculano, a cidade menos conhecida de uma tragédia
Mapa que mostra as cidades afetadas pela erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C. A forma geral da queda de cinzas e fluxo piroclástico é mostrada pela área escura ao sudeste do Monte Vesúvio. | Crédito da foto

Herculano estava localizada muito mais perto da cratera do que Pompeia. Um vento que vinha do oeste protegeu a cidade na fase inicial da erupção, mas na noite seguinte, uma gigantesca nuvem de cinzas flamejantes e gás subiu pelo flanco ocidental do Vesúvio, atingindo a cidade e provocando queimaduras ou asfixia em quem permaneceu. Esta nuvem letal foi seguida de uma sucessão de seis fluxos piroclásticos que enterraram os edifícios sob lama e rocha vulcânica numa camada de 12 a 20 metros.

As áreas da cidade que foram engolidas por cinzas, lavas e gases quentes tiveram poucos danos, sendo áreas que melhor teve a estrutura preservada até os dias de hoje. A devastação causada pelo vulcão foi tão intensa e rápida que contribuiu para a preservação da cidade. Ao selar tais áreas com a avassaladora avalanche de lama incandescente, o vulcão expulsou a umidade e o oxigênio da cidade soterrada, favorecendo sua preservação. Muitos edifícios, vários deles com dois andares estão quase inteiros, exibindo o esplendor de seus ricos afrescos nas paredes internas.

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No século 18, a velha cidade já tinha sido parcialmente recoberta por numa nova cidade, quando uma perfuração de um poço revelou uma estátua de mármore em Herculano. O governo local iniciou escavações e encontrou outros objetos de arte, móveis de madeira, e matéria orgânica carbonizada, como frutas, pão e até mesmo o conteúdo de esgoto, mas o projeto foi abandonado em seguida.

Em 1927, o governo italiano retornou com a escavação em Herculano, recuperando seus inúmeros tesouros artísticos, incluindo objetos de bronze, estátuas de mármore e pinturas. Até 1982 ainda eram encontrados restos humanos nas escavações. Ao contrário de Pompeia, a maior parte da cidade de Herculano ainda está para ser escavada.

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Herculano é muito mais fácil de ser explorada pelos turistas do que Pompeia, porque é menor em tamanho e não sendo tão conhecida como Pompeia, poucos turistas são encontrados circulando pelas ruínas. O edifício mais notável em Herculano é uma vila luxuosa chamada “Villa dei Papyri“.

Acredita-se que a vila tenha pertencido a Lucius Calpurnius Piso Caesoninus, sogro de Júlio César, embora pesquisas posteriores tenham suscitado dúvidas sobre a identidade do verdadeiro dono. A vila se estende até o mar em quatro terraços, e tem uma biblioteca, a única biblioteca do antigo mundo greco-romano que sobreviveu na idade moderna, onde foram encontrados mais de 1.800 pergaminhos.

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Reza a lenda que Herculano teria sido fundada por Hércules, que disputa com Ulisses o título de urbanista da mitologia, a julgar pela quantidade de cidades que o reivindicam como fundador. Sabe-se que em tempos passados, foi uma cidade grega (Heraklion), antes de ser conquistada pelos samnitas e, posteriormente pelos romanos.

O principal relato sobre o que ocorreu em Herculano e Pompeia é obra de Plínio, o Moço, historiador que assistiu à erupção de uma vila em Miseno (perto do atual Pozuoli), do outro lado do golfo. Hoje, o Monte Vesúvio é o único vulcão ativo no continente europeu. Sua última erupção foi em 1944, sendo a maior delas em 1631. Outra erupção é esperada em um futuro próximo, o que pode ser devastador para as 700 mil pessoas que vivem na região em torno do vulcão.

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Vulcão Vesúvio | Crédito da foto

Fontes: 1 2 3

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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