Na impressionante paisagem à beira dos penhascos, com vistas espetaculares do Canal da Mancha, encontra-se um promontório chamado Castelo Treryn e localizado a 1,6 km ao sul de Treen, na Cornualha, Inglaterra. Nesse local, está uma pedra oscilante de renome, uma maravilha notável.
Apesar de pesar 80 toneladas, esta rocha é tão habilmente equilibrada em sua base que pode ser movida para frente e para trás por uma criança, necessitando apenas de uma suave pressão. A pedra de balanço citada (Logan Rock, derivada da palavra córnica “logging”, que significa balanço), é uma entre várias outras rochas equilibradas que se encontram no condado.
As pedras de balanço têm sido associadas a um possível trabalho humano, entrelaçadas com rituais druídicos e cerimônias religiosas. Segundo a lenda, a culpa ou inocência de alguém poderia ser determinada por meio dessas pedras. A crença era de que a pedra oscilaria com o mais leve toque daqueles de coração puro, enquanto resistiria até mesmo ao poder de um gigante quando manipulada por alguém culpado.
Como expressou William Mason em seu poema dramático Caractacus, “ela se move com delicadeza ao toque daquele cujo coração é puro; mas para um traidor, embora até a força de um gigante nervoso lhe impulsione o braço, ela permanece tão firme quanto Snowdon”. O Dr. William Borlase, em 1754, descreveu detalhadamente a pedra em suas Antiguidades da Cornualha.
“Na paróquia de São Levano, encontra-se um promontório chamado Castelo Treryn. Este promontório é composto por três conjuntos distintos de rochas. No lado ocidental do grupo do meio, próximo ao topo, está uma pedra imensa, tão habilmente equilibrada que pode ser movida de um lado para o outro por qualquer mão; no entanto, as extremidades de sua base estão separadas por uma pequena distância, e estão tão bem fixadas pela proximidade à rocha subjacente que é praticamente impossível removê-la de sua posição atual, mesmo com o uso de alavancas ou força mecânica”.
Apesar de ser uma pedra conhecida localmente, foi a ação de um homem que a tornou famosa por toda a Grã-Bretanha no início do século 19. Esse homem foi o tenente Hugh Goldsmith, sobrinho do poeta Oliver Goldsmith. Em 1824, Goldsmith chegou a Cornwell a bordo do navio HMS Nimble. Ao ouvir falar da lenda do Logan Rock, ele decidiu testar a teoria de que a rocha era imóvel.
Quando terminou seu trabalho diurno, Goldsmith levou nove homens consigo até o penhasco. Usando três alavancas, tentaram movimentar a pedra do penhasco, mas sem sucesso. Os nove homens então aplicaram tanta força para balançar a pedra que Goldsmith ficou preocupado com o risco de ela cair sobre eles. Uma ordem para cessar veio tarde demais, e a pedra desprendeu-se de seu monte, caindo alguns metros, felizmente não no mar, onde poderia ter se perdido para sempre, mas sim em uma fenda estreita.
Assim que a notícia da imprudência de Goldsmith se espalhou pela cidade, gerou uma grande indignação. O Logan Rock era um destino turístico popular na região, e muitas famílias haviam se estabelecido ali devido a essa atração. Um político local chamado Sir Richard Vyvyan prometeu agir com extrema energia contra o responsável, enquanto os residentes pressionaram o Almirantado Britânico para remover o tenente Goldsmith de sua comissão na Marinha Real, a menos que ele restaurasse a pedra à sua posição original às suas próprias custas.
Após a intensa reação que sua ação provocou, um Goldsmith arrependido confidenciou à sua mãe em uma carta datada de 24 de abril. Ele expressou: “Não tinha ideia de que essa rocha era tão reverenciada nesta vizinhança, e você pode imaginar minha surpresa ao encontrar toda Penzance em tumulto. Deveria ter me informado melhor; os jornais me difamaram e me retrataram pior do que um assassino, e as inverdades neles são simplesmente maliciosas.
Por sorte, Goldsmith recebeu apoio do renomado engenheiro e político Davies Gilbert, que persuadiu o Almirantado a fornecer o equipamento gratuitamente, além de doar 25 libras para a causa de recolocar a pedra em seu lugar. As despesas com o trabalho e outros custos seriam suportadas por Goldsmith, que acabou desembolsando um total de 130 libras, uma quantia considerável naquela época, especialmente para alguém com poucos recursos financeiros.
Após meses de preparação, o trabalho teve início em 29 de outubro de 1824. Na tarde de 2 de novembro, diante de uma plateia de milhares de espectadores e com a colaboração de mais de sessenta homens, o Logan Rock foi cuidadosamente erguido de volta ao topo do penhasco, reassumindo sua posição original. Contudo, foi relatado que a pedra não balançava tão facilmente como anteriormente. O falecido historiador da Cornualha, Craig Weatherhill, explicou que com uma série de saltos rítmicos contra o canto sudoeste, a rocha começaria a se mover, e então o movimento poderia ser mantido com o esforço de uma única pessoa.
Por algum tempo, a pedra foi mantida acorrentada e protegida para evitar qualquer incidente semelhante, mas eventualmente essas restrições foram retiradas e a rocha foi libertada. Ainda hoje, os buracos onde as âncoras foram fixadas para transportar a enorme pedra de volta ao lugar podem ser vistos nas rochas ao redor.
Goldsmith quitou sua dívida com juros pouco antes de seu falecimento. Embora tenha sido promovido a tenente em 1809, não alcançou patamares mais elevados na hierarquia naval. Continuou a comandar pequenas embarcações até sua morte no mar em 1841.
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[…] Logan Rock: As pedras de balanço de Treen […]