Hambach é uma pequena floresta de 250 acres nos arredores de Colônia, perto da cidade de Jülich, na Renânia do Norte-Vestfália, no oeste da Alemanha. Nos últimos anos, a floresta foi invadida por alguns homens e mulheres determinados a não deixar que uma empresa mineradora acabe com o último pedaço de floresta que restou na área. Essas pessoas comem, vivem e dormem em casas improvisadas nas copas das árvores, situadas a vinte metros de altura.
Tais pessoas estão preocupados em proteger a única floresta de carvalhos e choupo-branco nesta parte da Europa, de ser destruída por uma mina a céu aberto. Desde 1978, a RWE Power, uma empresa alemã de energia vem removendo a floresta para expandir suas operações, que já é a maior mina de carvão a céu aberto da Europa.
Ativistas dizem que a mina extrai uma forma extremamente pobre de carvão chamada linhita, também conhecida como carvão marrom, que causa as maiores emissões de dióxido de carbono de qualquer outro tipo de carvão quando queimado. Antes da abertura da mina a floresta Hambach de 12.000 anos de idade, estava espalhada por mais de treze mil acres. Atualmente, apenas 10% da antiga floresta ainda existe.
Em 2012, um grupo de ativistas começou a viver na floresta em casas que construíram sobre árvores para impedir que elas fossem derrubadas. As casas foram construídas vários metros acima do solo para tornar o despejo mais difícil para as autoridades. No primeiro ano, a floresta foi ocupada por apenas meio ano, mas desde 2014, sempre houve pessoas vivendo na floresta.
“É muito difícil de viver aqui“, diz a ativista Anna Priess. Não há água corrente, nem eletricidade, e no inverno fica muito frio. “O verão é melhor, mas mesmo assim, tem que buscar água de algum lugar. Tens que achar uma forma de cozinhar e conseguir energia para carregar os telefones celulares“, acrescenta ela. Algumas casas na árvore estão melhores equipadas, como painéis solares que fornecem energia suficiente para fazer funcionar o laptop e os telefones, além de algumas luzes. Algumas outras têm paredes isoladas com palha e têm fornos para aquecimento.
A comida é feita em fogões a gás e a água da chuva é coletada para lavar pratos. Existem cerca de sessenta casas na floresta de Hambach, e algumas delas, são conectadas por passarelas suspensas. The Tower, é a maior casa de árvore da floresta. Ela têm três andares e foi construída entre três árvores e serve como sala de estar onde os ativistas podem se encontrar e conversar. Também abriga a cozinha comunitária da aldeia.
Próximo a borda da floresta fica o “acampamento campestre“, que funciona como base para as ocupações da floresta. Ali também tem uma cozinha comunitária, uma casa redonda para reuniões e alojamentos. No acampamento há uma biblioteca, um museu e um moinho de vento para gerar eletricidade. O acampamento está localizado em terreno particular, de modo que a polícia não pode entrar sem autorização judicial.
Os ambientalistas querem que a mina seja fechada e que o último pedaço de floresta seja salvo. O carvão retirado da mina é usado principalmente como combustível em usinas termoelétricas a carvão, e a RWE insiste em dizer que se a Alemanha quiser manter as luzes acesas e as fábricas funcionando na Renânia do Norte-Vestfália, o carvão precisa continuar a ser extraído.
A Alemanha tem desativado as usinas nucleares desde a década de 2000 e espera-se que a última seja desativada em 2022. A RWE enfatizou a importância da mineração da linhita para “fechar a lacuna deixada pela perda da energia nuclear e suprir a deficiência ainda da energia solar e da eólica“.
“Conheço Hamback há décadas, bem antes da abertura da mina e sei que era uma grande floresta“. disse o porta-voz da empresa de energia, Guido Steffen, à National Geographic. “É uma pena que ela teve que ser derrubada. Mas não estamos fazendo isso por diversão, mas por necessidades econômicas. A Alemanha precisa de energia“, completou. Após o encerramento da mineração em meados dos anos 2030, a RWE alega que o buraco que se formou com a mineração será inundado e se tornará um lago recreativo de 35 quilômetros quadrados.
[…] Os invasores das copas das árvores da floresta Hambach […]