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Torre da Caveira: Uma sentinela silenciosa da história sérvia

A Torre da Caveira, uma fortaleza intrigante na Sérvia, testemunha séculos de história. Seus mistérios e lendas a tornam uma sentinela silenciosa e fascinante.
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Em Niš, Sérvia, a imponente Torre da Caveira (Ćele Kula) se ergue como um sentinela silencioso, um monumento de pedra que ostenta uma história sombria e fascinante. Construída pelo Império Otomano em 1809 após a Batalha de Čegar, a torre é adornada com crânios humanos, um lembrete visceral do conflito sangrento e da luta sérvia pela independência.

Em maio de 1809, a colina de Čegar foi palco de um confronto épico entre os rebeldes sérvios liderados por Stevan Sinđelić e as tropas otomanas. Cercados e sem esperança de vitória, Sinđelić tomou uma decisão heroica e trágica: detonar um paiol de pólvora. O ato sacrificou a si mesmo e seus homens, mas também dizimou as forças otomanas, infligindo um golpe significativo ao inimigo.

Torre da Caveira: Uma sentinela silenciosa da história sérvia
Torre da Caveira conforme retratado em um esboço de 1863 de Felix Philipp Kanitz | Imagem: Wikipédia

Um símbolo macabro de submissão e resistência:

Por ordem do governador otomano Hurshid Pasha, os crânios dos rebeldes foram então utilizados para erguer a macabra torre, um monumento de 4,5 metros de altura com 952 crânios incrustados em suas paredes. A torre servia como um aviso brutal aos sérvios: a rebelião teria um preço terrível. No entanto, a torre também se tornou um símbolo de resistência, um lembrete da bravura e do sacrifício daqueles que lutaram pela liberdade.

Detalhes da Torre da Caveira
Detalhes da Torre da Caveira | Imagem: Wikipédia

Desmantelamento e reconstrução

Em 1861, a torre foi parcialmente desmantelada pelo governador otomano Midhat Pasha. O ato foi motivado por uma mudança na política otomana, que buscava apaziguar os sérvios e evitar novas rebeliões. Após a retirada otomana de Niš em 1878, a torre foi parcialmente reconstruída, com alguns dos crânios originais sendo devolvidos ao local. Uma capela foi erguida ao redor da torre em 1892, transformando o local em um espaço de memória e reflexão.

Hoje, apenas 58 crânios permanecem na torre, um lembrete silencioso dos horrores da guerra e da bravura daqueles que lutaram pela liberdade. O crânio que se acredita ser de Sinđelić é mantido em um recipiente de vidro adjacente à torre, um local de homenagem ao herói sérvio. A torre atrai entre 30.000 e 50.000 visitantes por ano, servindo como um importante marco histórico e um local de peregrinação para aqueles que desejam prestar homenagem aos heróis da Primeira Revolta Sérvia.

Torre da Caveira em 1878
Torre da Caveira em 1878 | Imagem: Wikipédia

Inspiração para artistas e escritores

A torre inspirou artistas e escritores ao longo dos anos, fascinados por sua história sombria e simbolismo poderoso. O poeta francês Alphonse de Lamartine a descreveu como um “monumento à liberdade”, enquanto o compositor sérvio Dušan Radić compôs uma cantata em sua homenagem. A torre também aparece na capa do álbum “Istina” da banda de rock sérvia Riblja Čorba, um exemplo da influência da torre na cultura popular sérvia.

A capela que contém a torre, 1902
A capela que contém a torre, 1902 | Imagem: Wikipédia

Um símbolo perene da luta pela independência:

A Torre da Caveira é um símbolo duradouro da luta sérvia pela independência. Sua presença imponente e história sombria continuam a inspirar e provocar reflexões sobre o passado, presente e futuro da Sérvia. A torre é um lembrete da importância da liberdade e do alto preço que muitas vezes é pago para conquistá-la.

A capela que envolve a Torre da Caveira, 2014
A capela que envolve a Torre da Caveira, 2014 | Imagem: Wikipédia
Crânio que teria pertencido a Stevan Sinđelić
Crânio que teria pertencido a Stevan Sinđelić | Imagem: Wikipédia
Lado norte da torre. Se percebe que a grande maioria dos crânios foram retirados da torre
Lado norte da torre. Se percebe que a grande maioria dos crânios foram retirados da torre | Imagem: Wikipédia
Lado sul da torre
Lado sul da torre | Imagem: Wikipédia
Lado leste da Torre da Caveira
Lado leste da Torre da Caveira | Imagem: Wikipédia

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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