A Batalha do Eclipse: A história do eclipse de Thales

O eclipse solar de outubro de 2022 foi um evento histórico, atraindo um número recorde de pessoas para testemunhar o espetáculo celestial ao longo do caminho da totalidade. Porém, também houve um eclipse com significado histórico distinto: o Eclipse de Tales, ocorrido em maio de 585 a.C. Esse evento celeste também conhecido como a Batalha do Eclipse teve um papel crucial no fim de uma guerra entre os lídios, povo da Lídia, na atual Turquia, e os medos, um antigo povo iraniano.

Em 585 a.C., após quase seis anos de conflito, a guerra entre lídios e medos encontrava-se num impasse. Embora ambos os lados tivessem obtido vitórias importantes, nenhum deles mostrava disposição para desistir, e a luta parecia interminável. Então, em 28 de maio de 585 a.C., durante um confronto entre os soldados, o céu subitamente escureceu. A luz do sol foi obscurecida pelo eclipse solar, envolvendo todo o campo de batalha e a paisagem em completa escuridão por alguns minutos.

Os soldados, tanto lídios quanto medos, ficaram assustados e surpresos diante do fenômeno. O eclipse teve um impacto profundo em ambos os exércitos e, após o breve período de escuridão, os combatentes, temerosos do evento celestial, decidiram pôr fim à luta. Uma trégua foi declarada, e a guerra finalmente chegou ao seu término.

A história sobre como a guerra lídio-medos chegou ao fim foi registrada quase cem anos após o evento, graças ao trabalho do antigo historiador grego Heródoto. Em seu relato, Heródoto menciona uma intrigante referência a Tales de Mileto, um sábio filósofo da época, sugerindo que ele poderia ter previsto o eclipse que interrompeu a batalha. Heródoto escreveu: “Tales de Mileto previu essa perda de luz do dia para os jônios, fixando-a no ano em que a mudança realmente aconteceu“. Contudo, a veracidade dessa afirmação permanece incerta, e a possibilidade de Tales ter, de fato, previsto o eclipse continua um mistério histórico.

Muito antes de Sócrates e Platão, um notável pensador surgiu: Tales de Mileto. Ele é considerado o precursor dos cientistas modernos, destacando-se por seu enfoque em observações e hipóteses científicas para explicar os fenômenos naturais, em vez de recorrer a mitos e atribuir acontecimentos desconhecidos aos deuses da Grécia antiga. Tales foi uma figura multifacetada, sendo cientista, matemático, astrônomo e filósofo. Sua mente brilhante o levou até mesmo a inovar no conceito de opções de negociação. Além disso, desenvolveu teoremas de geometria e impressionou seus contemporâneos ao calcular distâncias de navios no mar e alturas das pirâmides do Egito com base em princípios geométricos.

Embora Tales tenha sido um homem à frente de seu tempo e suas contribuições para a ciência e o pensamento filosófico tenham sido notáveis, a previsão específica do eclipse de 585 a.C. que levou à trégua entre lídios e medos permanece incerta. Astrônomos modernos conseguiram retroceder no tempo e determinar que o eclipse ocorreu em 28 de maio de 585 a.C.

O caminho da totalidade deste eclipse se estendeu da Nicarágua, na América Central, através do Oceano Atlântico, chegando à França, Itália e Turquia. O campo de batalha na atual Turquia, onde os exércitos lídios e medos estavam em conflito, encontrava-se no caminho da totalidade. A cidade natal de Tales, Mileto, estava fora desse caminho, embora suficientemente próxima para que o eclipse fosse um evento notável e possivelmente testemunhado por ele.

Portanto, embora Tales de Mileto seja conhecido por suas proezas científicas e contribuições para a compreensão do mundo natural, a afirmação de que ele previu especificamente o eclipse que resultou na trégua entre lídios e medos ainda carece de evidências concretas. A história e a admiração por suas capacidades intelectuais permanecem como um legado duradouro até os dias atuais.

A atribuição precisa da previsão do eclipse de 585 a.C. a Tales de Mileto é incerta e continua sendo objeto de debate entre historiadores e astrônomos. As evidências históricas não são suficientes para confirmar que Tales realmente previu o eclipse com precisão. É mais provável que ele tenha utilizado conhecimentos antigos da astronomia, possivelmente adquiridos de astrônomos babilônicos, para fazer suposições sobre a ocorrência do eclipse.

A crença atual é que Tales pode ter se baseado em cálculos aproximados, como o ciclo de Saros, que é um padrão de eclipses recorrentes, para fazer sua previsão. No entanto, sua previsão não continha detalhes precisos, como a data exata do evento. O fato de que o eclipse realmente ocorreu dentro do ano que ele havia previsto pode ser atribuído à sorte.

É importante lembrar que, embora Tales fosse um pensador notável e um cientista em sua época, a compreensão científica da astronomia e outras ciências estava em estágios iniciais, e muitos conceitos modernos ainda não haviam sido desenvolvidos. A visão de que a Terra era plana era comum na época, e os instrumentos científicos para calcular com precisão os fenômenos celestiais ainda não existiam.

Além disso, Tales de Mileto era conhecido por impressionar seus contemporâneos com truques matemáticos que pareciam mágica para eles. Sua capacidade de fazer suposições baseadas em princípios científicos básicos e observação aguçada pode ter contribuído para a atribuição de feitos extraordinários a ele, inclusive a suposta previsão do eclipse.

Portanto, é importante abordar a narrativa sobre Tales de Mileto com uma perspectiva crítica, reconhecendo suas contribuições como um pensador e cientista de seu tempo, mas também considerando as limitações e incertezas históricas relacionadas a eventos específicos, como a previsão do eclipse de 585 a.C. O que é inegável é que o eclipse teve um impacto significativo, levando ao fim da guerra entre os lídios e os medos, independentemente de como foi previsto ou interpretado pelos antigos relatos.

Fontes: 1 2

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