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Highgate, o cemitério maldito

O Cemitério de Highgate, ao norte da cidade de Londres, na Inglaterra, é o mais famoso cemitério do Reino Unido. Ele é dividido em duas partes: Oriental e Ocidental e há aproximadamente 170.000 pessoas enterrados em cerca de 53 mil sepulturas, e oficialmente chamado de Cemitério de St. James, seu santo protetor.

Highgate, o cemitério maldito

O cemitério foi projetado pelo arquiteto Stephen Geary e abriu em 1839, quatro dias antes do 20º aniversário da Rainha Vitória e foi consagrado pelo Bispo de Londres e fazia parte de um plano de criação de sete grandes cemitérios na periferia de Londres.

O projeto ficou conhecido como “Os Sete Magníficos” (Magnificent Seven). Os cemitérios no interior da cidade, na sua maioria adjacentes a igrejas não comportava mais enterros e eram vistos como um risco a saúde pública, numa cidade em franca expansão.

Highgate, o cemitério maldito

À semelhança dos restantes “Sete Magníficos” que são os cemitérios Kensal Green, Norwood Ocidental, Abney Park, Nunhead, Brompton, Tower Hamlets, o Highgate tornou-se rapidamente no local da moda para enterros e muito visitado, e ainda hoje, atrai mais de 90 mil visitantes por ano. A atitude vitoriana em relação à morte e o aspecto do cemitério levaram à criação de vários túmulos e edifícios góticos.

O sociólogo alemão Karl Marx, juntamente com sua esposa, estão enterrado ali, no setor reservado aos banidos pela Igreja Anglicana. Ao lado do túmulo, há a inscrição “Trabalhadores de todas as terras, uni-vos” e um busto de bronze. A governanta da família, Helena Demuth, amante de Marx e mãe de um de seus filhos, também está sepultada na mesma tumba.

Highgate, o cemitério maldito

O cemitério ainda é famoso por suas “catacumbas egípcias”, e pelos túmulos de John Galsworthy, George Eliot, Michael Faraday e Dante Gabriel Rossetti. O ex-agente secreto russo Alexander Litvinenko, morto por envenenamento, foi enterrado ali, bem como Douglas Adams, autor de O Guia do Mochileiro das Galáxias.

Também estão enterrados, James Holman, um aventureiro cego do século 19, conhecido como “Viajante Cego” (um pioneiro da ecolocalização humana), Adam Worth, um famoso criminoso e a possível inspiração para o inimigo de Sherlock Holmes, Professor Moriarty e centenas de outras pessoas ilustres.

Highgate, o cemitério maldito

A maioria das figuras historicamente notáveis encontram-se na parte oriental. Visitas as sepulturas mais famosas podem ser feitas, mas devido ao vandalismo e dos caçadores de souvenir, só são permitidas acompanhadas por um guia, com exceção se a pessoa tiver um parente falecido.

Highgate, o cemitério maldito

No início de 1960, o cemitério então com mais de 120 anos, estava decadente e em desuso e principalmente, com fama de mal-assombrado e maldito. De 1967 a 1983, pessoas alegaram ter encontrado túmulos abertos e visto fantasmas e vampiros. Explorando esta fama, em 2001, o game Drácula 2 – O Último Santuário reconstituiu o Cemitério de Highgate em um ambiente 3D, juntamente com outros cenários mórbidos.

O caso mais famoso, conhecido como “Vampiro de Highgate“, filme de terror do estúdio de cinema Hammer, causou até histeria em Londres em 1970. Esse filme regeneraram o interesse público no cemitério, e histórias de roubo, profanação e vampiros começaram a aparecer nos noticiários.

Highgate, o cemitério maldito
Highgate, o cemitério maldito
Sean Manchester

Relatos do cemitério ser mal assombrado começa por volta de 1967, quando um casal relatou que tinha visto sair de suas tumbas vários mortos e casos de supostas testemunhas que tinham visto algo similar foi aumentando. Em 1970, três meninos descobriram o cadáver decapitado de uma mulher que tinha sido enterrada em 1926.

Tabloides e canais de TV contribuíram com a boataria, com histórias que afirmavam que o cemitério não só era mal-assombrado, mas também local onde repousaria um vampiro real, chamado de “Vampiro Rei de Valáquia“, um nobre praticante de magia negra na região romena de Valáquia, que teria sido trazido para a Inglaterra em um caixão no século 19, por seus seguidores e também de um caso ocorrido em 1922, quando duas pessoas tinham sido mordidas próximas ao cemitério.

Highgate, o cemitério maldito

Tudo isso desencadeou, que em março de 1970, o cemitério de Highgate fosse invadido por uma multidão de pessoas frenéticas e armadas que pretendiam dar caça aos vampiros do lugar, sem que a polícia pudesse impedir e tudo sendo televisionado, e essa euforia aumentou e o grupo ficou incontrolável.

Highgate, o cemitério maldito
Túmulo de Karl Marx e sua família

Esse fato levou até o cemitério centenas de curiosos, propiciando eventos bizarros, exorcismos públicos, filmes, cerimônias satânicas, desmistificações, prisões de caça-vampiros e mais uma infinidade de coisas estapafúrdias. Mas nem por isso o caso Highgate perde seu interesse.

Highgate, o cemitério maldito
Crédito da foto: Tolga Akmen/Getty Images

Algum tempo depois, uma outra moça foi atacada supostamente por um vampiro, e foi então que Sean Manchester, bispo da igreja católica e uma espécie de Van Helsing moderno, que dizia que já tinha acabado com mais de 30 vampiros e presidente da Vampire Research Society entrou no caso e em 1973, segundo ele, o vampiro foi localizado em uma propriedade perto do cemitério, estaqueado e exorcizado.

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Aparentemente, a história tivera o seu fim, só que por volta de 1980, animais foram encontrados mortos no cemitério de forma estranha, e novamente Manchester relatou a jornais, que era trabalho de um vampiro, e que este também teve o mesmo fim, sendo estaqueado e destruído.

Highgate, o cemitério maldito

Relatou também que os casos de vampiros que estavam acontecendo no cemitério era fruto das atividades de satanistas e seus rituais de magia negra feitos no mausoléu Cory-Wright, que havia sido convertido em templo, contendo um pentagrama invertido e símbolos mágicos inscritos no piso e nas paredes.

Especialistas no assunto afirmaram que as inscrições tinham relação com uma entidade que só poderia ser convocada para o plano terrestre se fosse realizar alguma missão.

Highgate, o cemitério maldito

Que o cemitério tem muitos casos sobrenaturais relatados, ninguém questiona, mas nada de concreto foi provado, e muitos acreditam que essas histórias de vampiros rondando o cemitério partiu de Bram Stoker, autor de “Drácula”, que em uma de suas histórias, se referiu ao cemitério de Highgate, como sendo o lugar de descanso de um dos discípulos do Conde Drácula.

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Relatos dão conta de que Stoker também pode ter sido influenciado pelo caso de Elizabeth Siddal, que morreu em 1855 e enterrada em Highgate. Em 1862, seu corpo foi exumado por um parente perturbado, que alegava que alguns poemas teriam sido enterrados com ela.

Uma testemunha presente, Charles Augustus Howell, descreveu como “impressionante” o que viu: o cabelo vermelho-ouro de Elizabeth havia enchido o caixão, como se ela tivesse sido enterrada viva, talvez em estado de catalepsia.

Highgate, o cemitério maldito
Catacumbas egípcias
Highgate, o cemitério maldito
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Mausoléu da família Cory-Wright, onde eram feitos os rituais de magia negra
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Relatos dizem que rituais satânicos eram feitos frequentemente no mausoléu
Highgate, o cemitério maldito
Pentagrama pintado no chão do mausoléu
Highgate, o cemitério maldito
David Farrant, acusado pela polícia de ser o autor dos rituais de magia negra no cemitério e de vandalizar túmulos
Highgate, o cemitério maldito

Site oficial: www.highgatecemetery.org

Fontes: 1 2 3 4

Artigo publicado originalmente em julho de 2016

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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