Histórias

O Universo dos Freak Shows: Retratos do Circo dos Horrores

Os espetáculos conhecidos como “Circo dos Horrores” ou “freak shows” foram uma sensação nos EUA e na Europa entre o século 19 e meados do século 20. Esses shows expunham pessoas e animais com alguma anomalia física, relacionada a mutações genéticas, doenças ou defeitos congênitos, frequentemente referidas na cultura popular como “aberrações da natureza”. Esses eventos exploravam deformidades humanas em uma época em que as causas por trás das doenças congênitas e mutações genéticas não eram compreendidas pela ciência. Eram comuns em circos e feiras itinerantes.

Gêmeos siameses, anões, gigantes, pessoas com membros ou rostos extras, portadores de síndromes raras e até mesmo indivíduos obesos mórbidos eram atrações nessas feiras e shows itinerantes. Com o passar do tempo, o entretenimento de massa migrou para o cinema e a televisão, levando ao declínio desses shows. Além disso, a exploração da imagem de anomalias clínicas passou a ser condenada moralmente.

Também havia a popularidade de indivíduos muito tatuados, piercings extremos, e artistas que se destacavam por feitos incomuns, como engolir espadas ou deitar em camas de pregos. Esses atos incomuns eram exibidos para chamar a atenção do público, mas com a mudança nos padrões sociais, a sensibilidade em relação à exploração de pessoas com características físicas únicas se transformou, e esses tipos de shows foram gradualmente deixados de lado.

É verdade que muitas dessas pessoas foram exploradas por Phineas Taylor Barnum, conhecido como P.T. Barnum, um dos pioneiros nesse ramo e frequentemente chamado de “o maior showman da Terra”. Ele foi um personagem controverso e conhecido por suas habilidades de marketing e entretenimento, muitas vezes apresentando artistas com características físicas únicas em seus shows.

Esses indivíduos, frequentemente abandonados pela família e marginalizados pela sociedade, acabavam nas mãos de exploradores como Barnum. Em 1881, ele se uniu a James Bailey para formar o circo Barnum & Bailey, que se tornou o maior do mundo, empregando mais de mil artistas até seu encerramento.

Para muitos desses artistas, o circo oferecia um lar e uma oportunidade de ganhar dinheiro exibindo suas características incomuns. Embora possa parecer estranho e degradante, muitos desses indivíduos escolheram fazer parte desses shows. O circo Barnum & Bailey, em essência, representava uma forma de entretenimento peculiar, quase como o Cirque du Soleil do século 19, exceto pelo fato de que as pessoas iam para ver anomalias da natureza em vez de mágicos, palhaços e outras atrações típicas de um circo convencional.

O Barnum American Museum foi uma criação monumental de Phineas Taylor Barnum, um local que se tornou um epicentro de entretenimento e curiosidades para milhões de visitantes. Com seus cinco andares e uma combinação diversificada de atrações, o museu oferecia desde espetáculos teatrais até exposições de museu, zoológico e até um museu de cera, reunindo uma variedade impressionante de curiosidades e peculiaridades do mundo todo. Desde itens científicos a atrações excêntricas, como cabeças humanas mumificadas e até mesmo um circo de pulgas, o Barnum American Museum tinha algo para todos os gostos.

Esse espaço atingiu um pico incrível de popularidade, atraindo uma média de 15.000 visitantes por dia durante seu auge, entre 1842 e 1865. Com um preço de entrada acessível de US$ 0,25, o museu acumulou um total de 38 milhões de pagantes nesse período.

No entanto, os incêndios que destruíram o local em 1865 e novamente em 1868 marcaram o fim desse espetáculo monumental. Além disso, o sucesso desse tipo de apresentação inspirou o filme “Freaks”, lançado em 1932 e dirigido por Tod Browning. O filme buscava diminuir a intolerância em relação aos artistas com deformidades, mostrando-os como pessoas comuns, gentis e dignas de empatia.

No entanto, durante as filmagens, a equipe do filme foi proibida de almoçar nos estúdios da MGM devido à repulsa causada às outras pessoas presentes no local. Esses episódios mostram como, apesar das intenções positivas do filme, persistiam preconceitos e estigmas em relação às pessoas retratadas.

Dentre as pessoas que serviram como atrações em freak shows, podemos destacar:

Josephene Corbin, a mulher de quatro pernas

A história de Josephine Myrtle Corbin (1868-1928) é incrível e única. Ela nasceu com um raro defeito de nascença, tendo quatro pernas e dois aparelhos reprodutores completos, constituindo duas pélvis e excretores independentes, além de dois pares de pernas: um par de tamanho normal e outro menor. Esses membros extras seriam de uma irmã gêmea que não se desenvolveu e se fundiu a ela durante a gestação. Embora todos os membros fossem móveis, apenas uma das pernas de Josephine era totalmente funcional.

Essa condição rara a transformou em uma celebridade itinerante, apresentando-se em feiras, espetáculos e eventos médicos em todo o país. Surpreendentemente, aos 14 anos, ela assinou um contrato para ganhar US$ 250 por semana, algo extraordinário para a época, trabalhando em um circo.

Após alguns anos, Josephine decidiu se aposentar, casando-se mais tarde com o médico Clinton Bicknell, com quem teve vários filhos. Após criar os filhos, ela voltou a se apresentar em Nova Iorque, recebendo um salário semanal de US$ 450. Josephine faleceu em 1928, aos 60 anos de idade. Sua vida extraordinária e a maneira como lidou com sua condição física rara a tornaram uma figura notável na história das exibições de variedades e circenses do século XIX.

Franceso Lentini, o homem de três pernas

O italiano Francesco Lentini (1889-1966), nascido em Rosolini, na Sicília também ganhou fama por ter membros a mais. No caso dele, eram três pernas e dois órgãos genitais e quatro pés (o quarto pé não era visível, pois estava posicionado atrás da terceira perna). A terceira perna era bem menor que as outras duas, com pé ligado diretamente ao joelho. Quando criança, Lentini odiava seus membros e apêndices extras. Os médicos determinaram que, devido à proximidade da coluna, a remoção poderia resultar em paralisia.

Lentini foi criado por sua tia depois que seus pais se recusaram a reconhecê-lo. A tia matriculou o jovem Lentini em uma casa para crianças deficientes. Lá ele viu crianças muito piores do que ele, crianças que não conseguiam andar e ele ganhou uma nova apreciação pela vida. Lentini não só aprendeu a andar, como também correr, pular corda, andar de bicicleta e até mesmo patinar no gelo. Seu tempo na casa de crianças deficientes foi uma experiência que ele citou por muitos anos como sua principal motivação.

Em 1898, aos oito anos de idade, Lentini chegou à América e tornou-se uma sensação instantânea. Ele encantou as multidões com sua sagacidade e senso de humor. Ele impressionou o público com sua agilidade incomum também. Ele tinha controle incrível sobre seu apêndice extra. Durante as apresentações, Lentini era bem conhecido por chutar uma bola de futebol com o estranho membro. Quando ficou mais velho, as performances de Lentini se concentraram em seu caráter encantador.

Seu charme não passou despercebido e uma jovem chamada Theresa Murray logo gostou de Lentini. O casal se casou e juntos eles tiveram quatro filhos saudáveis. Lentini continuou em turnê até sua morte, aos setenta e oito anos de idade, em 1966. Sua carreira durou mais de quarenta anos e ele trabalhou com todos os principais circos e espetáculos, incluindo Barnum & Bailey e Coney Island. Lentini era tão respeitado entre seus pares que muitas vezes ele era chamado simplesmente de “o rei”. Mesmo depois de morto, Francesco ainda receberia uma singela homenagem. Em 1995, uma foto sua ilustrou a contracapa do álbum “Alice in Chains”, produzido pela banda homônima.

As siamesas Violet e Daisy Hilton

As gêmeas inglesas Violet e Daisy Hilton (1908-1969), nascidas em Brighton, Sussex chamavam a atenção por serem gêmeas pygopagus: idênticas que se fundiram pela pélvis no útero e eram unidas no quadris e nas nádegas. Elas compartilhavam a circulação sanguínea e eram fundidas na pelve, mas não compartilhavam órgãos importantes. Mary Hilton, chefe de Kate Skinner, mãe das gêmeas percebeu o potencial comercial das garotas e as adotou, colocando-as em circo que percorreram os Estados Unidos, cantando e dançando, nos anos 30.

Eles tiveram diversos relacionamentos, tentativas fracassada de obter uma licença para casar, e alguns casamentos malfadados. Em 1932, as gêmeas apareceram como elas mesmas no filme Freaks. Em 1951 elas estrelaram Chained for Life, um filme vagamente baseado em suas vidas. Chegavam a faturar 5 mil dólares por semana no auge da carreira e lutaram na justiça contra a mãe adotiva para reaver o dinheiro arrecadado nos shows. Seus corpos foram encontrados em 1969; padeceram da Gripe de Hong Kong, que matou um milhão de pessoas na época. Daisy morreu primeiro e Violet, três dias depois.

Millie e Christine McCoy, as gêmeas Carolina

Millie e Christine McCoy (1851-1912) nasceram nos Estados Unidos. Filhas de escravos, foram vendidas várias vezes a investidores do ramo de entretenimento e eram conhecidas como “The Two Headed Nightingale” algo como “O Rouxinol de duas Cabeças“. Falavam cinco línguas e viajaram o mundo em turnês circenses, dançando e cantando, até a abolição da escravatura, quando foram viver em na fazenda onde nasceram, deixadas de herança pelo pai, na Carolina do Norte, quando tinham 30 anos. Morreram aos 61 anos, vítimas de uma tuberculose contraída por Millie. Christine morreu 12 horas depois de sua irmã.

Gabrielle Fuller, a Meia Mulher

Gabrielle Fuller, adotou o nome artístico de Mademoiselle Gabrielle e era uma maravilha sem pernas do início dos anos 1900. Ela nasceu em Basel, na Suíça, em 1884, e começou sua carreira de exibicionista e exposições na Paris Universal Exposition em 1900 como The Half-Woman (A Meia Mulher).

Sua primeira incursão nos shows de aberrações se mostrou bastante bem sucedida, pois logo viajou para a América para trabalhar com o Dreamland Circus Side Show, o Ringling Bros. e o Barnum & Bailey. Além disso, em 1912, Mademoiselle Gabrielle embarcou em uma curta carreira no Vaudeville com o Hammerstein Theatre de Nova Iorque. Ela finalmente quebrou seu contrato com o agente de teatro e foi posteriormente processada por violação. Uma batalha judicial de quatro anos resultou em uma multa de US $ 2000 paga ao agente de teatro. Poucas maravilhas humanas apareceram no palco do Vaudeville, as irmãs Hilton o fizeram vários anos depois, mas Mademoiselle Gabrielle era um caso especial. Ela era linda, charmosa, graciosa e recatada o suficiente para o público em geral aceitar sua deformidade objetivamente.

Mademoiselle Gabrielle não possuía pernas e, de acordo com um artigo de 1929 da revista London Life, não possuía nenhum toco. Seu torso terminava logo abaixo do quadril. Sua figura era impressionante e ela acentuou suas qualidades físicas e beleza natural com opulento traje vitoriano e joias marcantes. Gabrielle era independente e nunca reclamou de sua condição. Ela acreditava firmemente que era “não menos mulher”, apesar de ser fisicamente metade de uma mulher.

Mademoiselle Gabrielle atraiu homens em massa e se casou pelo menos três vezes durante sua vida. Primeiro ela foi casada com um homem com o sobrenome de Hunter e por último para um cavalheiro alemão. Devido a essas mudanças de sobrenome, sua história posterior é difícil de rastrear e sua eventual data de morte é atualmente desconhecida.

George e Willie Muse, os homens de Marte

George e Willie Muse, são irmãos negros albinos, nascidos no ano de 1890 em Roanoke, Virginia, EUA. Em 1899, eles foram sequestrados por caçadores de recompensa de circos de horrores por causa de sua aparência única. Albinos negros, algo extremamente raro, logo se transformaria em uma atração extremamente lucrativa. Para sua mãe disseram que eles estavam mortos e que nunca mais voltariam para casa.

Para acentuar ainda mais sua aparência incomum, os irmãos tiveram que deixar o cabelo crescer com um incomum dreadlocks branco para aquela época. Foram apresentados como os canibais brancos equatorianos Eko e Iko, conhecidos também como “Homens cabeça de ovelha” e “Os homens de Marte“. Durante uma turnê em 1927, a mãe os reconheceu e exigiu que fossem liberados ou iria processar o circo.

A partir daí fizeram uma pequena fortuna com apresentações e vendas de souvenirs e m 1930 eles excursionaram pela Europa, Ásia e Austrália e se apresentaram para membros da realeza e dignitários, incluindo a rainha da Inglaterra. Nenhum dois se casou apesar de ficarem muito conhecidos por seus extravagantes namoros. George Muse morreu em 1971 e Willie continuou tocando seu bandolim até sua morte uma sexta-feira de 2001, com 108 anos de idade.

Elizabeth Doherty, a Garota de Lã de Minnesota

Alice Elizabeth Doherty (1887 – 1933) era Minnesota Woolly Girl, possuía uma doença rara chamada hipertricose lanuginosa no qual cresce diversos pelos (principalmente na região facial) dando a aparência de um animal, o que fez com que ela recebesse o apelido de A Garota de lã do Minnesota ou ainda A Garota milagroso de Minnesota. Alice também é até hoje a única cidadã americana a possuir hipertricose.

O apelido surgiu devido o dom em que Alice tinha de conquistar a todos com sua simpatia, e fazer com que todos os que assistissem sua exposição saísse de lá com um sorriso no rosto, um jornalista que acabou ficando amigo da família a definiu como: “Alice por trás de todo aquele pelo possuía lindos olhos azuis e a personalidade dócil e amigável como a de um gatinho“.

Stephan Bibrowski, o Homem Leão

O polonês Stephan Bibrowski (1891-1932) também sofria de hipertricose. Acabou conhecido como Lionel, em referência ao animal com que se parecia por causa da “juba”. Quando ele tinha quatro anos, a mãe deu a tutela do filho a um circo que viajou por toda a Europa, exibindo o garoto como uma aberração por nove anos.

Seu pelo tinha um comprimento de dez centímetros no corpo e vinte centímetros no rosto. Somente as palmas das mãos e solas do pé não tinham pelo. Em 1901 foi transferido para o circo americano Barnum & Bailey onde trabalhou por quase vinte anos, após os quais se mudou para a Alemanha e morreu aos 41 anos de ataque cardíaco. Estima-se que apenas 50 casos de hipertricose tenham sido documentados desde a Idade Média.

Felix Wehrle, o homem com a pele de borracha

Nascido em 1858, Felix Wehrle sofria da síndrome de Ehlers-Danlo ou Cutis elástica, uma das manifestações que é a mobilidade anormal das articulações (elas se dobram em qualquer direção) e a pele muito elástica. Esta é uma doença hereditária do tecido conjuntivo causada por uma mutação genética que afeta a síntese de colágeno. 

A pele de Felix se estendia a um tamanho impensável. Decidindo se beneficiar de sua doença, o homem entrou no circo Barnum & Bailey, onde se apresentou em vários shows, mostrando ao público as características de seu corpo, se tornando “The Elastic-Skin Man“, o homem com a pele de borracha.

Isaac Sprague, o esqueleto vivo

Isaac Sprague nasceu em 1841 em Massachusetts. Ele cresceu e desenvolveu-se normalmente, ele era um menino normal. Mas com a idade de doze anos, coisas estranhas começaram a acontecer com ele – Isaac começou a perder peso, e a perder peso rapidamente. Quando Sprague completou 44 anos, sua altura era de 168 centímetros, e seu peso não passava de 43 kg. Issac procurou ajuda com médicos para saber porque não engordava, o que lhe fazia perder peso, apesar de ter um bom apetite e comer muito.

Living Skeleton, como ficou conhecido, trabalhou no circo durante anos, casando-se e tendo três filhos. Com seu trabalho conseguiu ganhar um bom dinheiro, mas gastava tudo em jogos e bebidas. Morreu aos 46 anos e em seu testamento, deixou seu corpo para a que fosse usado em experiências científica, para que no futuro pudesse prevenir doenças como a dele.

Charlotte Linda Vogel, a menina com pele de elefante

Charlotte Linda Vogel nasceu em Berlim em fevereiro de 1908. O bebê nasceu com ictiose. Esta doença é expressa pela aparência na pele de escamas que se assemelham a peixe (“ichthys” – “peixe“, traduzido do grego). No entanto, Charlotte tinha um caso muito grave, e sua pele lembrava a pele de um elefante, uma cor cinza suja, espessura incrível, tudo em dobras profundas, que lhe deu o apelido no circo de “Susi, The Elephant Skin Girl“, Susi a menina com a pele de elefante. Hoje em dia, cientistas estão inclinados a acreditar que Charlotte sofria de hiperqueratose epidermolítica.

JO-JO, o Homem com Cara de Cachorro

Fiodor Adrianovich Jeftichew, mais conhecido como Jo-Jo (1868-1904), foi um garoto russo notório pela grande quantidade pelos faciais, provocado por uma doença chamada hipertricose. Tal doença é extremamente rara, imagina na época em que o garoto era apresentado como uma aberração. Em seus shows, ele latia para assustar a plateia, enquanto Barnum narrava a história de como Fedor havia sido capturado por um caçador que seguiu sua família de homens-cães até uma caverna.

Joe Martin Laurello, o Homem Coruja

Joe Martin Laurello (1886-1955), o Homem Coruja nasceu em Nuremberg na Alemanha e não tinha deformidade nenhuma, no entanto, ele diz que treinou durante três anos até conseguir girar sua cabeça 180º. Andar nessa posição, no entanto, era difícil, pois lhe faltava ar. Se mudou para os Estados Unidos em 1921 e se apresentou em vários shows e circos. Sua última aparição foi gravado no show “You Asked For It” em março de 1952. Morreu em 1955, vítima de um ataque do coração e foi cremado.

Pip e Flip Snow, as gêmeas Cabeça de Alfinete

Jenny Lee Snow e Elvira Snow eram as Pip e Flip, também conhecidos como “Pinheads” (cabeça de alfinete). Essas irmãs eram artistas de renome no World Circus Sideshow em Coney. As irmãs Snow nasceram com microcefalia, uma desordem de neuro-desenvolvimento caracterizada por um crânio e cérebros anormalmente pequenos. Durante a formação de seus corpos, a cabeça não conseguiu crescer ao mesmo tempo com que a sua face, que continuava a se desenvolver normalmente, e o resultado é de uma cabeça pequena e uma testa recuada. Nasceram em Hartwell, Geórgia, Estados Unidos e seus pais basicamente “emprestavam” as gêmeas a vários freak shows para sustentar a família. Acreditasse que Elvira nascera em 1901 e sua irmã era doze anos mais nova.

Devido a má formação de seus cérebros elas possuíam a mentalidade de crianças e foi essa inocência infantil que encantou multidões e atraiu enorme audiência para as irmãs. No auge de suas carreiras as irmãs Pip e Flip estavam ganhando cerca de 75 dólares por semana, uma quantia considerável na época, devido a crise financeira ocasionada pela grande depressão nos Estados Unidos. Jenny Lee faleceu cedo, em agosto de 1934, aos 20 anos de idade. Elvira, no entanto, viveu uma longa vida, falecendo idosa, em novembro de 1976.

Josephene Myrtle Corbin, a Mulher de Quatro Pernas

Josephene Myrtle Corbin (1868-1928) é um dos casos mais estranhos porque parecia ter quatro pernas. Na verdade, foi sua irmã gêmea que não conseguiu se desenvolver no feto e acabou sendo sua metade inferior ligada à sua irmã. Da cintura para baixo contava com tudo em dobro, como duas pélvis, dois aparelhos reprodutores e excretores completos e independentes, além de dois pares de pernas, compostos por duas de tamanho normal e outras duas menores. Apesar de tantos membros e de todos serem móveis e ativos, apenas uma das pernas de Josephine era completamente funcional.

Myrtle Corbin logo se transformou em uma celebridade, viajando por todo o país para se apresentar em feiras e espetáculos como uma aberração. No entanto, aos 14 anos de idade Josephine conseguiu um contrato para ganhar 250 dólares por semana — algo extraordinário para a época — para trabalhar em um circo. Após alguns anos, Josephine se cansou das apresentações e acabou se aposentando, casando-se depois de algum tempo com o médico Clinton Bicknell, com quem ela teve vários filhos. Com os filhos já crescidos, a “Mulher com Quatro Pernas” voltou a se apresentar em Nova York, recebendo um salário de 450 dólares semanais, e faleceu em 1928, aos 60 anos de idade.

Mirin Dajo, o Maravilhoso Dajo

Mirin Dajo (do Esperanto “Maravilhoso Dajo”) era Arnold Gerrit Henskes, holandês nascido em 1912, mudando seu nome para fazer carreira nos palcos. Dajo passou alguns anos na Índia, onde aprendeu técnicas de faquirismo. Aos 33 anos se dizia invulnerável e deixava as pessoas espetarem objetos pontudos em seu corpo. Mais tarde, se apresentava em shows mais complexos, onde seu corpo era atravessado por espadas, em diversas partes do seu corpo, inclusive no coração.

Como muitas pessoas duvidavam de sua proeza, em maio de 1947, Dajo se submeteu a verificações radiográficas no Hospital de Zurique, na presença de médicos. Deixou-se atravessar com um florete (espada usada em esgrima), de lado a lado, todo o corpo, inclusive o coração. Dajo dizia que tudo que fazia era para mostrar que existia uma fonte maior, Deus, que o protegia e que o materialismo só resultava em guerra e miséria.

Dajo maravilhou e intrigou as plateias da Europa por anos até que em maio de 1948, depois de afirmar ter ouvido uma voz lhe mandando engolir um enorme espinho de metal, foi internado para realizar a extração do prego de dentro de seu corpo. Após uma cirurgia, ficou cerca de 10 dias em coma e morreu no hospital. Autópsias realizadas posteriormente em seu corpo demonstraram que ele morreu, aos 36 anos, por ruptura da artéria aorta.

Fontes: 1 2 3 4 5

Leia também:

Gigante de Cardiff, a farsa bíblica

Houdini: O ilusionista que não conseguiu enganar a morte

A trágica história de Tyke, o ‘elefante fora da lei’

Avalie este artigo!
[Total: 0 Média: 0]
Atenção! Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do usuário e não expressa a opinião do site.

Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

Adicionar comentário

Clique para deixar um comentário