Coisas & Cultura

La Ronde, a casa vitoriana com 16 lados

Nas proximidades do vilarejo de Lympstone, em Devon, na Inglaterra, encontramos um casa inusitada, construída século 18. Trata-se de uma casa com dezesseis lados, feita por duas primas solteironas e excêntricas, Jane e Mary Parminter. A construção foi o resultado de suas viagens por toda a Europa no decorrer de dez anos, portanto a construção em influencia de vários estilos.

A La Ronde, a casa com 16 lados
A entrada para A la Ronde fica no primeiro andar devido ao terreno inclinado sobre o qual se encontra a casa. | Crédito da foto

Jane Parminter era filha de um rico comerciante de vinhos de Devon. Após a morte de seu pai em 1784, Jane recebeu uma boa herança e decidiu fazer uma grande viagem por toda a Europa. Como era costume entre os britânicos de classe alta naquela época, Jane foi acompanhada por Elizabeth, sua irmã inválida, uma prima orfã de nome Mary, e uma outra amiga.

Ao longo de vários anos, as quatro mulheres exploraram a França, Itália, Alemanha, Suíça, Espanha, Portugal e outros países, antes de retornar à Inglaterra em 1795, quando Jane com a ajuda de Mary decidiram construir uma casa para guardar todos os souvenires que trouxeram de suas viagens.

A La Ronde, a casa com 16 lados
Quarto no andar superior | Crédito da foto

As duas primas compraram um terreno que quinze acres perto do novo e elegante resort de Exmouth, e construíram uma charmosa casa de campo de dezesseis lados cujo projeto foi inspirado na basílica octogonal de São Vital, de estilo bizantino em Ravenna, na Itália, construída em 526 d.C. A família atual de Jane alega que a própria Jane projetou a casa, mas provavelmente foi obra do arquiteto de Bath, John Lowder

A La Ronde, a casa com 16 lados
Crédito da foto

Os dois primos negociaram a compra de 15 acres de terra perto do novo e elegante resort de Exmouth, e construíram uma charmosa casa de campo de 16 lados cujo projeto foi inspirado na basílica octogonal de San Vitale em Ravenna, na Itália. Os herdeiros de Jane afirmam que ela própria projetou a casa, mas provavelmente foi obra do arquiteto da cidade de Bath, John Lowder.

A La Ronde, a casa com 16 lados
Crédito da foto

A casa, conhecida como A la Ronde, é composta por vinte quartos distribuídos por três andares. O térreo albergava originalmente os aposentos dos funcionários, a adega, uma sala e a cozinha, enquanto o primeiro andar era para as proprietárias. No centro da casa há um corredor octogonal com um pé direito de 10,7 metros de altura e com oito portas que conduzem a cômodos dispostos radialmente. As salas são interligadas, pelo que é possível fazer um circuito completo destas salas sem entrar no próprio octógono.

A La Ronde, a casa com 16 lados
A mesa de jantar em A la Ronde | Crédito da foto

Isso era importante, porque Jane e Mary gostavam de se mover de um cômodo para outro seguindo o calor do sol. As mulheres começavam a romaria de seguir o sol com o café da manhã na sala voltada para o leste e, em seguida, se moveriam para terminar com o chá em uma sala oval no oeste à noite.

Tudo dentro da casa foi projetado para se adequar à forma incomum do prédio e ângulos estranhos. Os armários e estantes de livros têm tampos deslizantes, portas que deslizam para trás nas paredes para economizar espaço e abas que descem entre cada uma das portas no octógono para fornecer assentos extras.

A La Ronde, a casa com 16 lados
Um armário cheio de souvenier | Crédito da foto

A la Ronde também possui uma decoração espetacular. As duas primas usaram de tudo, desde penas, conchas, pedras e algas marinhas para decorar o interior e foram responsáveis por grande parte da decoração interior – o friso de penas na sala de estar, a galeria incrustada de conchas do terceiro andar e a escada, junto com o trabalho em mosaico, cortes de papel de parede e outros itens artesanais.

A La Ronde, a casa com 16 lados
Uma biblioteca em forma de cunha | Crédito da foto

A galeria incrustada de conchas acima do octógono e a escada estreita em forma de gruta, forrada de concha, que leva até ela, são particularmente impressionantes.

Jane Parminter morreu em 1811 e foi enterrada no cemitério da pequena capela também construídas por elas, no terreno vizinho a A la Ronde. Mary continuou a viver na casa até sua morte em 1849. Seu testamento afirmava especificamente que o imóvel deveria ser herdado apenas por “parentes mulheres que fossem solteiras“. Consequentemente, a propriedade da casa foi transferida para suas primas solteiras, Jane e Sophia Hurlock, e depois para outra prima, Stella Reichel em 1879.

A La Ronde, a casa com 16 lados
Olhando para o átrio central | Crédito da foto

Em 1886, Reichel fez alterações legais no testamento que permitia a seu irmão, o reverendo Oswald Reichel, o único proprietário masculino em mais de duzentos anos a herdar a propriedade. Oswald tomou a liberdade de fazer muitas alterações significativas na casa e nos jardins, como a construção de uma torre para o armazenamento de água, uma lavanderia, a instalação de um banheiro e aquecimento central, e a construção de quartos no andar superior.

A La Ronde, a casa com 16 lados
Crédito da foto

Após a morte de Oswald Reichel, a casa mais uma vez passou para as mãos de mulheres, desta vez uma sobrinha chamada Margaret Tudor, que abriu a casa ao público em 1935. Mais tarde, a casa foi adquirida pela Nacional Trust em 1991, e desde que assumiu a propriedade, o Trust reverteu a maioria das alterações feitas por Oswald, com objetivo de devolver a casa ao seu estilo original.

A la Ronde é uma propriedade incrível porque testemunha a independência e a desenvoltura de duas mulheres em uma época dominada por homens.

A La Ronde, a casa com 16 lados
Crédito da foto

Fontes: 1 2 3

Postagens por esse mundo afora

Leia também:

Mary River, a tartaruga cabeluda

Topsy e Mary, os elefantes que foram executados em público

O capitão Kevin Opry e seu “pequeno” navio

Avalie este artigo!
[Total: 0 Média: 0]
Atenção! Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do usuário e não expressa a opinião do site.

Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

Adicionar comentário

Clique para deixar um comentário