Lugares Coisas & Cultura

Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença

No passado, uma das maneiras de arrecadar dinheiro para a manutenção de uma ponte, era alugar espaços sobre as mesmas para comerciantes. A Ponte Vecchio ou Ponte Velha, uma ponte em arco medieval sobre o rio Arno, em Florença, na Itália é uma das mais conhecidas por ter várias lojas ao longo dela, principalmente ourivesarias e joalherias.

Acreditasse que tenha sido construída pelos romanos, onde a via Cassia atravessava o rio nesse ponto e era feita originalmente de madeira e mencionado em um documento que remonta ao ano de 996. A ponte foi destruída pelas cheias em 1117 e foi reconstruída em pedra para ser destruída novamente por outra inundação em 1333, ficando de pé apenas seus dois pilares centrais, como observou Giovanni Villaniem em sua obra Nuova Crônica. Novamente a ponte foi reconstruída em 1345, projetada por Taddeo Gaddi, aluno do arquiteto e pintor Giotto. Consiste em três arcos, o maior deles com 30 metros de diâmetro.

Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto

Desde o século 13, a ponte albergava lojas e mercadores, que mostravam as mercadorias sobre bancas, sempre com a autorização do Bargello (uma espécie de prefeito, magistrado e autoridade policial). Diz-se que a palavra bancarrota teve a ali sua origem. Quando um mercador não conseguia pagar as dívidas, a mesa (banco) era quebrada (rotto) pelos soldados, fechando o negócio. Essa prática era chamada bancorotto.

Os espaços pertenciam à Comuna e eram alugadas originalmente para açougueiros, peixeiros e curtidores. Para conectar o Palazzo Vecchio (Câmara Municipal de Florença) com o Palazzo Pitti em 1565, Cosimo I de’ Medici fez com que Giorgio Vasari construísse o Corredor Vasari acima da ponte. Em 1593, para reforçar o prestígio da ponte, o Duque Ferdinando de Medici proibiu açougueiros e outros comerciantes que produziam muito lixo e mau cheiro de continuar vendendo sobre a ponte e em seus lugares, comerciantes de ouros ocuparam as lojas.

A associação corporativa de açougueiros monopolizava as lojas na ponte desde 1442. Os joalheiros ainda são a grande maioria dos comerciantes que ocupam as lojas sobre a ponte. Na verdade, alguns dos melhores joalheiros de Florença vendem suas criações nesta ponte medieval. Também há estúdios de artes e lojas de souvenirs.

Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto

No século 15, as lojas que originalmente eram alugadas foram vendidas aos comerciantes que começaram a alterar a estrutura da ponte acrescentando terraços externos e quartos que se estendiam em direção ao rio, apoiados em suportes de madeira. Até o século 17, a ponte tinha uma aparência caótica. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando os alemães se retiraram da Itália em direção a Alemanha, eles destruíram muitas pontes na Itália para impedir o avanço dos Aliados. Todas as pontes de Florença foram explodidas, mas a Ponte Vecchio foi poupada. Em vez de ser demolida, seu acesso foi bloqueado com a demolição dos edifícios medievais de ambos os lados. O próprio Adolf Hitler reconheceu que destruir a Ponte Vecchio seria um crime contra o patrimônio histórico e cultural.

Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto

Em 1900, para honrar e marcar o quarto século do nascimento do grande escultor e mestre ourives Benvenuto Cellini , os principais ourives da ponte encomendaram o mais famoso escultor florentino da época Raffaello Romanelli para criar um busto de bronze de Cellini para ficar no topo de uma fonte no meio do lado leste da ponte, onde está até hoje.

Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto

Ao longo da ponte, há vários cadeados, especialmente no gradeamento em torno da estátua de Benvenuto Cellini. A tradição está ligada à antiga ideia do amor e dos amantes: ao trancar o cadeado e lançar a chave ao rio, os amantes tornavam-se eternamente ligados. Graças a essa tradição e ao turismo desenfreado, milhares de cadeados tinham de ser removidos com frequência, estragando a estrutura da ponte. Devido a isso, o município estipulou uma multa de 160 euros para quem for apanhado, em flagrante, a colocar cadeados na ponte. Hoje, o rio Arno é cruzado por seis pontes e todas permitem a travessia de carros e pedestres, exceto a Ponte Vecchio. Isso porque esta ponte medieval icônica está sempre lotado de turistas e compradores. As duas pontes vizinhas da Ponte Vecchio são a Ponte Santa Trinita e a Ponte alle Grazie.

Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Dano nas cabeceiras da ponte em 1944 durante a Segunda Guerra Mundial | Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Corredor Vasari do Palazzo Vecchio a Uffizi| Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto
Ponte Vecchio, a ponte medieval ocupada por lojas em Florença
Crédito da foto

Fontes: 1 2 3

Postagens por esse mundo afora

Leia também:

A era esquecida das torres de luar

Pontes vivas de Meghalaya, na Índia

Uma torre medieval no meio de Frankfurt

Avalie este artigo!
[Total: 0 Média: 0]
Atenção! Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do usuário e não expressa a opinião do site.

Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

2 comentários

Clique para deixar um comentário